Joerley Cruz
O século XXI é marcado por uma sociedade dinâmica. Somos testemunhas de acontecimentos desenfreados. Uma sociedade que, com suas características, marca seu desespero em busca do novo, da melhor tecnologia, dos modismos viciosos e impensados, e muitos na sua maioria, sem nexo.
Se por um lado a sociedade é dinâmica e sedenta pelo novo, a Igreja de Cristo sobrevive sem dinamismo, matando sua sede na fonte de água viva que é Cristo, o Senhor.
Muitos, diante de uma sociedade dinâmica e dinamitada, perguntam como, após tantos milênios, onde tudo se alterou, a Igreja Cristã não saiu do lugar. No entanto, a Igreja sobrevive com a mesma mensagem, com o mesmo Livro, adorando o mesmo Senhor, que é Cristo Jesus. O Reino de Deus é atemporal e independe das inovações humanas, ou teorias religiosas que tentam a cada geração, formar seus próprios filhotes.
A essência sobrepõe à forma. A Igreja Cristã possui sua essência inalterada, no entanto, em nome da diversidade das formas, muitos colocam a essência em risco, dando a primazia à forma de ser Igreja.
Podemos nos arriscar em pensar que há uma infiltração do secularismo na vida da Igreja, bem como nas cabeças cristãs.
O secularismo rejeita a possibilidade da fé, abraçando aquilo que é concreto. São os fatos que contam e não mais a experiência da fé, da dependência do Espírito Santo de Deus, que é concreto em Si mesmo. A devoção religiosa é colocada de lado, uma vez que tudo o que está ligado a uma experiência espiritual, percorre caminhos incertos e que exigem entrega total da alma e do corpo, sem ansiar pela certeza do próximo passo, sem ansiar pela segurança de onde se está pisando.
O secularismo é um desabraçar a espiritualidade cristã, tornando-se dependente dos caminhos lógicos da vida. Há apenas lugar para uma espiritualidade de resultados, uma espiritualidade que deixou de ser espiritual, e passou a ser corporativista, possibilitando ao homem encontrar-se em si mesmo, de maneira que ele se torne alguém melhor consigo. Tal pensamento anula a experiência de esvaziamento que devemos ter diante do Deus pleno. Não é possível haver espiritualidade sem a perceptível presença de Deus, uma vez que nosso espírito não se encontra com nosso próprio espírito, mas é constantemente preenchido pelo Espírito que nos alimenta e sustenta. É possível um autoconhecimento, onde somos deparados com nossa natureza, de maneira que em nosso encontro com Deus, nossa identidade nos é clara.
Os nossos olhos contemplam, dia a dia, tudo aquilo que o nosso coração, naturalmente, espera – somos seduzidos, envolvidos de tal forma, que cresce em nós uma paixão avassaladora por aquilo que contemplamos (1 João 2,15-17) – o evangelista João nos aconselha a não nos enredarmos (v.15), pois se isso acontece, e se desenvolve, automaticamente Deus é esquecido.
Tudo o que nos seduz e nos leva a esse envolvimento, oriunda da própria vida – vida sem sentido, como escreveu Salomão (Ec 9). Os desejos da carne, dos olhos, e a soberba da vida (v.16) nos leva de volta às nossas origens.
O mundo é transitório. A vida é transitória. A vontade de Deus percebida e executada leva-nos ao essencial, ao eterno. (v.17)
A Igreja de Jesus, mesmo em meio às perseguições, sempre esteve livre para ser quem ela é: pessoas reunidas em torno de Cristo, o Senhor. São pessoas desprendidas e desvinculadas com qualquer imposição humana (Atos dos Apóstolos 4,19-20). Mas que vêem em Jesus toda a sua esperança e satisfação.
Um espaço voltado ao pensamento e definições que conduzem à um estilo de vida que segue o Cristo, o Jesus de Nazaré que é Senhor da vida, e em quem reside toda a verdade, o caminho que leva a Deus, e a vida, que é vivida em totalidade por motivo da existência do Filho de Deus, com quem caminhamos, pela fé que nos envolve.
06 dezembro 2007
29 novembro 2007
A Igreja Cristã no século XXI – (parte 1)
Joerley Cruz
A pergunta é: como a Igreja, inaugurada por Jesus de Nazaré, o Cristo, o Filho de Deus, ainda sobrevive em uma sociedade como a nossa? Evidentemente que se nossa resposta for: sobrevive porque Deus, por meio de Seu Espírito, sustenta a Igreja que é dele, da qual Ele é o cabeça, estaremos respondendo corretamente – é uma resposta pronta, ainda que seja real. Mas olhando para a Igreja, por alguns momentos, inicialmente, sem nenhum instrumento de defesa espiritual, podemos refletir bastante. Como dizia meu avô: “se nós pensarmos burro”, nossa reflexão será mais apurada, mais ingênua, e nos dará condições de enxergarmos de forma simples e profunda seu verdadeiro significado e propósito (da Igreja).
Em primeiro lugar, respondemos quem e o que é a Igreja de Jesus. Existem inúmeras definições que satisfazem dos gostos mais requintados e humildes, dos mais exigentes aos mais facilmente compreendidos.
É sem dúvida, que Jesus a define com total absolutismo, sabedoria, verdade e simplicidade: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” (evangelho de S. Mateus 18,20).
A Igreja dos poucos reunidos que não tinham onde recostar a cabeça, inseriu-se na sociedade de seu tempo, tendo boas relações com as pessoas comuns (o povo das ruas, das vilas, dos becos, dos lugares suspeitos e mau falados, freqüentados pela gentalha) – tais pessoa comuns iam desde pessoas de bem até aqueles(as) que eram, constantemente, difamados.
Mas, o interessante é que tal igreja sem rumo – o rumo era dirigido pelo maravilhoso inconstante hálito do Espírito – tornou-se opositora à religião predominante de seu próprio tempo (igreja dos judeus), que se incomodavam com ela, por causa das palavras e posturas de um jovem ex-marceneiro, que de repente se caracteriza como enviado de Deus, que para o povo, eram palavras e posturas que expressavam paz, amor, e esperança de um Outro mundo.
Depois de muito tempo, andando nos caminhos fora do templo, em um tempo onde a Igreja do Caminho ainda desfrutava da aprovação pública, mesmo sendo uma ameaça ao templo cauterizado pelo poder e pela usurpação, que ainda sobrevive no nosso século com outros nomes, Jesus, nosso Senhor, em sua oração sacerdotal pelos discípulos e pelos outros discípulos que surgiram até o nosso tempo – século XXI – traz algumas características inerentes à sua Igreja (João 17,9-21):
• A Igreja do Senhor possui como característica, o fato de que cada um que é Igreja de Jesus, entre os poucos reunidos, pertence a Deus – é propriedade exclusiva – e existe para glorificar Cristo (v.10);
• A Igreja do Senhor possui como característica, o fato de que os poucos reunidos geram uma unidade – unidade gerada pelo Senhor (v.11);
• A Igreja do Senhor possui como característica, situações por diversas vezes conflitantes com os valores que ela recebeu do Senhor Jesus, para com os valores que a sociedade atemporal, nos empurra – a Palavra de Deus dada a nós, afasta-nos de uma sociedade sem Deus, uma vez que Deus não é bem-vindo nesta sociedade. Não há possibilidade de acordo entre os valores de Deus e os valores impostos por uma sociedade que nega o Deus. Os valores do reino de Deus estão disponibilizados para que o homem, com sua sociedade, sejam transformados – não há espaço para adequação, não há condições para Igreja amoldar-se àquilo que não glorifica Jesus. (v.14);
• A Igreja do Senhor possui como característica, o fato de que ela não recua diante das ameaças da sociedade, e nem é impedida de continuar a existir. Nada que esteja, aparentemente, acima da Igreja, possui poderes para amedrontar a noiva do Senhor. Na história, muitos foram os momentos de perseguição, mortes, martírios, na tentativa de calar Aquela que Cristo instituiu. Foram tentativas frustradas e vãs, pois mesmo em meio a uma liberdade religiosa ou não, os cristãos sempre se reuniram, e continuarão reunidos. (v.15 e 16);
• A Igreja do Senhor possui como característica, a existência garantida em estado de pureza, sem contaminação. O Senhor com sua palavra nos imuniza de uma deterioração (v.17);
• A Igreja do Senhor possui como característica, o fato de que sua existência é sustentada pela oração. A Igreja do século XXI surge na oração de Jesus: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra”, com os mesmos atributos de imunidade (v.20);
• A Igreja do Senhor possui como característica, o fato de mostrar que a oração de Jesus promove a união atemporal da Igreja, com finalidade de mostrar quem é Deus, por meio da própria Igreja. É a Igreja do Senhor quem revela a existência de Deus. São os santos que Cristo santificou, quem mostram o Santificador.
A Igreja do Senhor Jesus sobrevive no século XXI, pois sua natureza perpassa a tudo aquilo que a sociedade já alcançou, mas que não foi suficiente, e nunca o será. Não há sistema que consiga calar a natureza inabalável da Igreja de Cristo, pois ela como noiva está aguardando o retorno de seu noivo (Cristo) e isso nos sinaliza que ainda que o caos se avolume, existirá sempre um lugar, um abrigo onde se pode refugiar-se.
A pergunta é: como a Igreja, inaugurada por Jesus de Nazaré, o Cristo, o Filho de Deus, ainda sobrevive em uma sociedade como a nossa? Evidentemente que se nossa resposta for: sobrevive porque Deus, por meio de Seu Espírito, sustenta a Igreja que é dele, da qual Ele é o cabeça, estaremos respondendo corretamente – é uma resposta pronta, ainda que seja real. Mas olhando para a Igreja, por alguns momentos, inicialmente, sem nenhum instrumento de defesa espiritual, podemos refletir bastante. Como dizia meu avô: “se nós pensarmos burro”, nossa reflexão será mais apurada, mais ingênua, e nos dará condições de enxergarmos de forma simples e profunda seu verdadeiro significado e propósito (da Igreja).
Em primeiro lugar, respondemos quem e o que é a Igreja de Jesus. Existem inúmeras definições que satisfazem dos gostos mais requintados e humildes, dos mais exigentes aos mais facilmente compreendidos.
É sem dúvida, que Jesus a define com total absolutismo, sabedoria, verdade e simplicidade: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” (evangelho de S. Mateus 18,20).
A Igreja dos poucos reunidos que não tinham onde recostar a cabeça, inseriu-se na sociedade de seu tempo, tendo boas relações com as pessoas comuns (o povo das ruas, das vilas, dos becos, dos lugares suspeitos e mau falados, freqüentados pela gentalha) – tais pessoa comuns iam desde pessoas de bem até aqueles(as) que eram, constantemente, difamados.
Mas, o interessante é que tal igreja sem rumo – o rumo era dirigido pelo maravilhoso inconstante hálito do Espírito – tornou-se opositora à religião predominante de seu próprio tempo (igreja dos judeus), que se incomodavam com ela, por causa das palavras e posturas de um jovem ex-marceneiro, que de repente se caracteriza como enviado de Deus, que para o povo, eram palavras e posturas que expressavam paz, amor, e esperança de um Outro mundo.
Depois de muito tempo, andando nos caminhos fora do templo, em um tempo onde a Igreja do Caminho ainda desfrutava da aprovação pública, mesmo sendo uma ameaça ao templo cauterizado pelo poder e pela usurpação, que ainda sobrevive no nosso século com outros nomes, Jesus, nosso Senhor, em sua oração sacerdotal pelos discípulos e pelos outros discípulos que surgiram até o nosso tempo – século XXI – traz algumas características inerentes à sua Igreja (João 17,9-21):
• A Igreja do Senhor possui como característica, o fato de que cada um que é Igreja de Jesus, entre os poucos reunidos, pertence a Deus – é propriedade exclusiva – e existe para glorificar Cristo (v.10);
• A Igreja do Senhor possui como característica, o fato de que os poucos reunidos geram uma unidade – unidade gerada pelo Senhor (v.11);
• A Igreja do Senhor possui como característica, situações por diversas vezes conflitantes com os valores que ela recebeu do Senhor Jesus, para com os valores que a sociedade atemporal, nos empurra – a Palavra de Deus dada a nós, afasta-nos de uma sociedade sem Deus, uma vez que Deus não é bem-vindo nesta sociedade. Não há possibilidade de acordo entre os valores de Deus e os valores impostos por uma sociedade que nega o Deus. Os valores do reino de Deus estão disponibilizados para que o homem, com sua sociedade, sejam transformados – não há espaço para adequação, não há condições para Igreja amoldar-se àquilo que não glorifica Jesus. (v.14);
• A Igreja do Senhor possui como característica, o fato de que ela não recua diante das ameaças da sociedade, e nem é impedida de continuar a existir. Nada que esteja, aparentemente, acima da Igreja, possui poderes para amedrontar a noiva do Senhor. Na história, muitos foram os momentos de perseguição, mortes, martírios, na tentativa de calar Aquela que Cristo instituiu. Foram tentativas frustradas e vãs, pois mesmo em meio a uma liberdade religiosa ou não, os cristãos sempre se reuniram, e continuarão reunidos. (v.15 e 16);
• A Igreja do Senhor possui como característica, a existência garantida em estado de pureza, sem contaminação. O Senhor com sua palavra nos imuniza de uma deterioração (v.17);
• A Igreja do Senhor possui como característica, o fato de que sua existência é sustentada pela oração. A Igreja do século XXI surge na oração de Jesus: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra”, com os mesmos atributos de imunidade (v.20);
• A Igreja do Senhor possui como característica, o fato de mostrar que a oração de Jesus promove a união atemporal da Igreja, com finalidade de mostrar quem é Deus, por meio da própria Igreja. É a Igreja do Senhor quem revela a existência de Deus. São os santos que Cristo santificou, quem mostram o Santificador.
A Igreja do Senhor Jesus sobrevive no século XXI, pois sua natureza perpassa a tudo aquilo que a sociedade já alcançou, mas que não foi suficiente, e nunca o será. Não há sistema que consiga calar a natureza inabalável da Igreja de Cristo, pois ela como noiva está aguardando o retorno de seu noivo (Cristo) e isso nos sinaliza que ainda que o caos se avolume, existirá sempre um lugar, um abrigo onde se pode refugiar-se.
24 novembro 2007
A liberdade de vida do discípulo de Jesus
Gálatas 1,1-5
“Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos” – (1,1)
- Paulo recebeu o chamado para ir após o Senhor, mas o chamado não veio da palavra de um homem (isso porque sendo enviado por homens, Paulo não teria liberdade, mas condicionamentos, deixando de ser quem Deus queria que ele fosse).
- Paulo foi chamado para ir após o Senhor – ir após o Senhor Jesus é uma atitude de liberdade.
- Ressuscitar dentre os mortos é um sinal de liberdade.
“[...] graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do nosso Senhor Jesus Cristo, o qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso [...]” – (1,3-4b)
- O ato de liberdade do Senhor em entregar-se na cruz, gerou nossa liberdade que passa pelo ápice da morte. (morte e ressurreição de Cristo, que conduz a nossa morte e ressurreição)
- O ato de liberdade do Senhor, por meio do sacrifício, nos arranca pela raiz (desarraiga) da perversidade do mundo.
- O ato de liberdade do Senhor, por meio do sacrifício, não apenas nos garante a ressurreição em direção à vida eterna, mas, principalmente, nos permite em vida, estando nós no corpo, condições de não nos vincularmos àquilo ou àqueles que nos escravizem.
- Tal liberdade que nos desvincula, nos liberta e nos desliga da perversidade do mundo, nos é dada pela vontade de nosso Deus e Pai.
- Deus decide nos dar a liberdade, como deu a Paulo.
“A Liberdade de vida do discípulo de Jesus”
A mesma liberdade que Deus dá ao homem, também oferece à Sua Igreja. (nos desarraigar = Paulo inclui os gálatas)
Diante do ato gracioso do Senhor em nos libertar, verificamos que Deus tem como objetivo libertar o homem que se auto aprisionou – Deus atuou como libertador desde o Antigo Testamento, passando pela cruz libertadora de Jesus. Deus age diretamente com os homens, provando que Sua comunhão conosco é direta – não há interventores entre Deus e os homens, a não ser Cristo, o Senhor. Deus nos ensina que somos livres por sermos dEle (Pai, Filho e Espírito) e não por fazermos algo por Ele ou para Ele – não há lei, não há regras que superem o amor de Deus, não há nada que saia de nossas mãos, que possa nos unir a Deus
“Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos” – (1,1)
- Paulo recebeu o chamado para ir após o Senhor, mas o chamado não veio da palavra de um homem (isso porque sendo enviado por homens, Paulo não teria liberdade, mas condicionamentos, deixando de ser quem Deus queria que ele fosse).
- Paulo foi chamado para ir após o Senhor – ir após o Senhor Jesus é uma atitude de liberdade.
- Ressuscitar dentre os mortos é um sinal de liberdade.
“[...] graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do nosso Senhor Jesus Cristo, o qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso [...]” – (1,3-4b)
- O ato de liberdade do Senhor em entregar-se na cruz, gerou nossa liberdade que passa pelo ápice da morte. (morte e ressurreição de Cristo, que conduz a nossa morte e ressurreição)
- O ato de liberdade do Senhor, por meio do sacrifício, nos arranca pela raiz (desarraiga) da perversidade do mundo.
- O ato de liberdade do Senhor, por meio do sacrifício, não apenas nos garante a ressurreição em direção à vida eterna, mas, principalmente, nos permite em vida, estando nós no corpo, condições de não nos vincularmos àquilo ou àqueles que nos escravizem.
- Tal liberdade que nos desvincula, nos liberta e nos desliga da perversidade do mundo, nos é dada pela vontade de nosso Deus e Pai.
- Deus decide nos dar a liberdade, como deu a Paulo.
“A Liberdade de vida do discípulo de Jesus”
A mesma liberdade que Deus dá ao homem, também oferece à Sua Igreja. (nos desarraigar = Paulo inclui os gálatas)
Diante do ato gracioso do Senhor em nos libertar, verificamos que Deus tem como objetivo libertar o homem que se auto aprisionou – Deus atuou como libertador desde o Antigo Testamento, passando pela cruz libertadora de Jesus. Deus age diretamente com os homens, provando que Sua comunhão conosco é direta – não há interventores entre Deus e os homens, a não ser Cristo, o Senhor. Deus nos ensina que somos livres por sermos dEle (Pai, Filho e Espírito) e não por fazermos algo por Ele ou para Ele – não há lei, não há regras que superem o amor de Deus, não há nada que saia de nossas mãos, que possa nos unir a Deus
23 outubro 2007
01 outubro 2007
Sentir e viver Deus
Joerley Cruz
O melhor em Deus não é estudá-lo, mas senti-lo. Se a religião existe para religar Deus ao homem, ela, então, é boa.
O apóstolo Tiago nos diz: “Religião pura e irrepreensível aos olhos de Deus Pai consiste em cuidar de órfãos e viúvas em suas necessidades e em não deixar-se contaminar pelo mundo.” (Tg 1,27). A verdadeira religião não está nas intenções particulares, inovadoras, em um relacionamento com o Divino, sem aproximar-se do humano; ou, não é tão somente dar-se ao humano, justificando a presença do Divino. A religião real não é ritualista, mas interativa com Deus, com sua imagem e semelhança – o ser humano – e com sua criação que Ele, no início, achara boa.
Sentimos Deus nas nos momentos e situações que muitos depreciam. Para os mais curiosos, Deus está em lugares inacessíveis, assumindo formas indecifráveis e misteriosas. Para outros que são portadores da religião pura, Deus é mais bem percebido e compreendido em momentos não notados, e em pessoas desprezadas pela vida.
Sentir Deus é sentir o próximo – os que, preferencialmente, são ignorados pela vida e pelos homens. Tal conceito pode ser baseado uma vez que Cristo identifica-se com estes, por ser Ele, também ignorado. Quando sentimos o próximo, achegando-nos com amor, dando e recebendo, abraçando e sendo abraçado. Em tais atos Deus se faz presente, e por esse motivo, sentimo-Lo. Deus se manifestou em Seu Filho Jesus, nosso Senhor, quem em morte de cruz provou-nos sua humilhação e o sentimento de indiferença que partiu dos homens – foi Ele abandonado pelos homens – mas aqueles que o receberam, Ele deu o poder de serem chamados “Filhos de Deus”. Sentir Deus é sentir a cruz, juntamente com Cristo (Gl 2,19), unindo-se a Cristo em sua morte e ressurreição.
Deus está nos sorrisos inesperados, nas palavras daqueles que ninguém escuta, no olhar daqueles que muitos os desprezam; Deus se faz visível por aqueles que se tornam invisíveis. Sentir Deus é uma experiência interior, onde unimos o nosso espírito ao seu Espírito, bem como uma evidencia vivida no corpo, por meio dos gestos, sentimentos e motivações, andamos como Ele andou.
Viver Deus é alegrar-se em senti-Lo. Viver Deus é desfrutar de um prazer sem contornos. Viver Deus é viver em Cristo, compartilhando de seus atos de amor, obediência, submissão, e renúncia. Não é possível vivermos Deus, se a nossa vida gira em torno de si mesma (Gl 2,20), não adotando um estado de humildade e esvaziamento como o próprio Senhor esvaziou-se, para viver a vida no Pai, em prol dos homens (Fp 2,5-11).
Viver Deus é compartilhar de Suas vontades e princípios, mesmo de forma imperfeita, mas numa consciência a respeito do que Ele é e deseja. Somente vivemos Deus quando nos sentimos envolvidos por Ele. O que significa que longe de Deus não há vida, mas mera existência.
Sentir e viver Deus é usufruir de uma religião livre de rótulos e condições pré-definidas, e ao mesmo tempo, libertadora. Em tais condições não se observa ou estuda-se Deus, mas sua presença é notória, e a relação é vivencial. Já nos basta tê-Lo em nosso coração por meio da fé. Crê-se em Deus por senti-Lo e por envolver-se na busca de Sua vontade, que se torna alimento para nós.
É nossa religião, a nossa união com Deus e com o próximo. Sentir a Deus – sentir o próximo. Viver Deus – doar-se aos homens. Sendo assim, apreenderemos o que Tiago nos escreve: “sede executores da mensagem e não somente ouvintes” (Tg 1,22).
O melhor em Deus não é estudá-lo, mas senti-lo. Se a religião existe para religar Deus ao homem, ela, então, é boa.
O apóstolo Tiago nos diz: “Religião pura e irrepreensível aos olhos de Deus Pai consiste em cuidar de órfãos e viúvas em suas necessidades e em não deixar-se contaminar pelo mundo.” (Tg 1,27). A verdadeira religião não está nas intenções particulares, inovadoras, em um relacionamento com o Divino, sem aproximar-se do humano; ou, não é tão somente dar-se ao humano, justificando a presença do Divino. A religião real não é ritualista, mas interativa com Deus, com sua imagem e semelhança – o ser humano – e com sua criação que Ele, no início, achara boa.
Sentimos Deus nas nos momentos e situações que muitos depreciam. Para os mais curiosos, Deus está em lugares inacessíveis, assumindo formas indecifráveis e misteriosas. Para outros que são portadores da religião pura, Deus é mais bem percebido e compreendido em momentos não notados, e em pessoas desprezadas pela vida.
Sentir Deus é sentir o próximo – os que, preferencialmente, são ignorados pela vida e pelos homens. Tal conceito pode ser baseado uma vez que Cristo identifica-se com estes, por ser Ele, também ignorado. Quando sentimos o próximo, achegando-nos com amor, dando e recebendo, abraçando e sendo abraçado. Em tais atos Deus se faz presente, e por esse motivo, sentimo-Lo. Deus se manifestou em Seu Filho Jesus, nosso Senhor, quem em morte de cruz provou-nos sua humilhação e o sentimento de indiferença que partiu dos homens – foi Ele abandonado pelos homens – mas aqueles que o receberam, Ele deu o poder de serem chamados “Filhos de Deus”. Sentir Deus é sentir a cruz, juntamente com Cristo (Gl 2,19), unindo-se a Cristo em sua morte e ressurreição.
Deus está nos sorrisos inesperados, nas palavras daqueles que ninguém escuta, no olhar daqueles que muitos os desprezam; Deus se faz visível por aqueles que se tornam invisíveis. Sentir Deus é uma experiência interior, onde unimos o nosso espírito ao seu Espírito, bem como uma evidencia vivida no corpo, por meio dos gestos, sentimentos e motivações, andamos como Ele andou.
Viver Deus é alegrar-se em senti-Lo. Viver Deus é desfrutar de um prazer sem contornos. Viver Deus é viver em Cristo, compartilhando de seus atos de amor, obediência, submissão, e renúncia. Não é possível vivermos Deus, se a nossa vida gira em torno de si mesma (Gl 2,20), não adotando um estado de humildade e esvaziamento como o próprio Senhor esvaziou-se, para viver a vida no Pai, em prol dos homens (Fp 2,5-11).
Viver Deus é compartilhar de Suas vontades e princípios, mesmo de forma imperfeita, mas numa consciência a respeito do que Ele é e deseja. Somente vivemos Deus quando nos sentimos envolvidos por Ele. O que significa que longe de Deus não há vida, mas mera existência.
Sentir e viver Deus é usufruir de uma religião livre de rótulos e condições pré-definidas, e ao mesmo tempo, libertadora. Em tais condições não se observa ou estuda-se Deus, mas sua presença é notória, e a relação é vivencial. Já nos basta tê-Lo em nosso coração por meio da fé. Crê-se em Deus por senti-Lo e por envolver-se na busca de Sua vontade, que se torna alimento para nós.
É nossa religião, a nossa união com Deus e com o próximo. Sentir a Deus – sentir o próximo. Viver Deus – doar-se aos homens. Sendo assim, apreenderemos o que Tiago nos escreve: “sede executores da mensagem e não somente ouvintes” (Tg 1,22).
27 setembro 2007
Credo
Frei Betto
Creio no Deus desaprisionado do Vaticano e de todas as religiões existentes e por existir. Deus que precede todos os batismos, pré-existe aos sacramentos e desborda de todas as doutrinas religiosas. Livre dos teólogos, derrama-se graciosamente no coração de todos, crentes e ateus, bons e maus, dos que se julgam salvos e dos que se crêem filhos da perdição, e dos que são indiferentes aos abismos misteriosos do pós-morte.
Creio no Deus que não tem religião, criador do Universo, doador da vida e da fé, presente em plenitude na natureza e nos seres humanos. Deus ourives em cada ínfimo elo das partículas elementares, da requintada arquitetura do cérebro humano ao sofisticado entrelaçamento do trio de quarks.
Creio no Deus que se faz sacramento em tudo que aproxima, atrai, enlaça, abraça e une – o amor. Todo amor é Deus e Deus é o real. Em se tratando de Deus, bem diz Rumî, não é o sedento que busca a água, é a água que busca o sedento. Basta manifestar sede e a água jorra.
Creio no Deus que se faz refração na história humana e resgata todas as vítimas de todo poder capaz de fazer o outro sofrer. Creio em teofanias permanentes e no espelho da alma que me faz ver um Outro que não sou eu. Creio no Deus que, como o calor do sol, sinto na pele, sem, no entanto conseguir fitar ou agarrar o astro que me aquece.
Creio no Deus da fé de Jesus, Deus que se aninha no ventre vazio da mendiga e se deita na rede para descansar dos desmandos do mundo. Deus da Arca de Noé, dos cavalos de fogo de Elias, da baleia de Jonas. Deus que extrapola a nossa fé, discorda de nossos juízos e ri de nossas pretensões; enfada-se com nossos sermões moralistas e diverte-se quando o nosso destempero profere blasfêmias.
Creio no Deus que, na minha infância, plantou uma jabuticabeira em cada estrela e, na juventude, enciumou-se quando me viu beijar a primeira namorada. Deus festeiro e seresteiro, ele que criou a lua para enfeitar as noites de deleite e as auroras para emoldurar a sinfonia passarinha dos amanheceres.
Creio no Deus dos maníacos depressivos, das obsessões psicóticas, da esquizofrenia alucinada. Deus da arte que desnuda o real e faz a beleza resplandecer prenhe de densidade espiritual. Deus bailarino que, na ponta dos pés, entra em silêncio no palco do coração e, soada a música, arrebata-nos à saciedade.
Creio no Deus do estupor de Maria, da trilha laboral das formigas e do bocejo sideral dos buracos negros. Deus despojado, montado num jumento, sem pedra onde recostar a cabeça, aterrorizado pela própria fraqueza.
Creio no Deus que se esconde no avesso da razão atéia, observa o empenho dos cientistas em decifrar-lhe os jogos, encanta-se com a liturgia amorosa de corpos excretando sumos a embriagar espíritos.
Creio no Deus intangível ao ódio mais cruel, às diatribes explosivas, ao hediondo coração daqueles que se nutrem com a morte alheia. Misericordioso, Deus se agacha à nossa pequenez, suplica por um cafuné e pede colo, exausto frente à profusão de estultices humanas.
Creio, sobretudo, que Deus crê em mim, em cada um de nós, em todos os seres gerados pelo mistério abissal de três pessoas enlaçadas pelo amor e cuja suficiência desbordou nessa Criação sustentada, em todo o seu esplendor, pelo frágil fio de nosso ato de fé.
Creio no Deus desaprisionado do Vaticano e de todas as religiões existentes e por existir. Deus que precede todos os batismos, pré-existe aos sacramentos e desborda de todas as doutrinas religiosas. Livre dos teólogos, derrama-se graciosamente no coração de todos, crentes e ateus, bons e maus, dos que se julgam salvos e dos que se crêem filhos da perdição, e dos que são indiferentes aos abismos misteriosos do pós-morte.
Creio no Deus que não tem religião, criador do Universo, doador da vida e da fé, presente em plenitude na natureza e nos seres humanos. Deus ourives em cada ínfimo elo das partículas elementares, da requintada arquitetura do cérebro humano ao sofisticado entrelaçamento do trio de quarks.
Creio no Deus que se faz sacramento em tudo que aproxima, atrai, enlaça, abraça e une – o amor. Todo amor é Deus e Deus é o real. Em se tratando de Deus, bem diz Rumî, não é o sedento que busca a água, é a água que busca o sedento. Basta manifestar sede e a água jorra.
Creio no Deus que se faz refração na história humana e resgata todas as vítimas de todo poder capaz de fazer o outro sofrer. Creio em teofanias permanentes e no espelho da alma que me faz ver um Outro que não sou eu. Creio no Deus que, como o calor do sol, sinto na pele, sem, no entanto conseguir fitar ou agarrar o astro que me aquece.
Creio no Deus da fé de Jesus, Deus que se aninha no ventre vazio da mendiga e se deita na rede para descansar dos desmandos do mundo. Deus da Arca de Noé, dos cavalos de fogo de Elias, da baleia de Jonas. Deus que extrapola a nossa fé, discorda de nossos juízos e ri de nossas pretensões; enfada-se com nossos sermões moralistas e diverte-se quando o nosso destempero profere blasfêmias.
Creio no Deus que, na minha infância, plantou uma jabuticabeira em cada estrela e, na juventude, enciumou-se quando me viu beijar a primeira namorada. Deus festeiro e seresteiro, ele que criou a lua para enfeitar as noites de deleite e as auroras para emoldurar a sinfonia passarinha dos amanheceres.
Creio no Deus dos maníacos depressivos, das obsessões psicóticas, da esquizofrenia alucinada. Deus da arte que desnuda o real e faz a beleza resplandecer prenhe de densidade espiritual. Deus bailarino que, na ponta dos pés, entra em silêncio no palco do coração e, soada a música, arrebata-nos à saciedade.
Creio no Deus do estupor de Maria, da trilha laboral das formigas e do bocejo sideral dos buracos negros. Deus despojado, montado num jumento, sem pedra onde recostar a cabeça, aterrorizado pela própria fraqueza.
Creio no Deus que se esconde no avesso da razão atéia, observa o empenho dos cientistas em decifrar-lhe os jogos, encanta-se com a liturgia amorosa de corpos excretando sumos a embriagar espíritos.
Creio no Deus intangível ao ódio mais cruel, às diatribes explosivas, ao hediondo coração daqueles que se nutrem com a morte alheia. Misericordioso, Deus se agacha à nossa pequenez, suplica por um cafuné e pede colo, exausto frente à profusão de estultices humanas.
Creio, sobretudo, que Deus crê em mim, em cada um de nós, em todos os seres gerados pelo mistério abissal de três pessoas enlaçadas pelo amor e cuja suficiência desbordou nessa Criação sustentada, em todo o seu esplendor, pelo frágil fio de nosso ato de fé.
21 setembro 2007
Igreja Católica:uma grande seita?
Leonardo Boff
Os acontecimentos ocorridos nos últimos meses dentro da Igreja Romano Católica fazem suscitar a questão do risco de esta assumir claramente comportamentos de seita. Bento XVI está imprimindo um curso perigoso à Igreja Católica. provocando severas críticas não apenas de teólogos mas de cardeais, de inteiros episcopados como o da França, de grupos de bispos da Alemanha e, espantosamente, de bispos da romaníssima Itália, além de outros líderes religiosos e de organismos ecumênicos mundiais. Desde seu tempo de Cardeal, tem tratado os grupos progressistas e os teólogos da libertação a bastonadas e com pele de pelica os conservadores e tradicionalistas, seguidores do Bispo Lefèbvre, excomungado em 1988 e que à revelia de Roma ordenou bispos e padres. O Vaticano acabou por acatar seus seminários onde formam o clero no rito tradicionalista. E agora acaba de atender a uma de suas demandas maiores: voltar à missa em latim do Concílio de Trento (1545-1563) com todas as limitações históricas, hoje inaceitáveis. Ai se reza "pelos pérfidos judeus" para que aceitem Jesus como Messias.
O mais grave ocorreu logo em seguida com a publicação de cinco questões sobre a igreja, oriunda da Congregação da Doutrina da Fé e aprovada pelo Papa, na qual se repete o que o então Cardeal J. Ratzinger em 2000 enfatizava no documento Dominus Jesus, verdadeiro exterminador do futuro do ecumenismo: a única Igreja de Cristo subsiste somente na Igreja Católica, fora da qual não há salvação. As demais "igrejas" não o são pois possuem apenas "elementos eclesiais" e a Igreja Ortodoxa, tida como uma expressão da catolicidade, foi rebaixada a simples igreja paticular. Estas posições reacendem a guerra religiosa quando todos estão buscando a paz, cuja realização é enfraquecida pela Igreja.
A Igreja está se isolando mais e mais de tudo. Sua base social são principalmente os movimentos, medíocres no pensamento e subservientes às autoridades; preferem a aeróbica de Deus a confrontar-se com os problemas da pobreza e da injustiça. Uma Igreja se comporta como seita, segundo clássicos como Troeltsch e Weber, quando tem a pretensão absolutista de deter sozinha a verdade, quando se nega ao diálogo, rejeita o trabalho ecumênico e manifesta crescente autofinalização. Nesse sentido, cabe lembrar que o Vaticano não assinou em 1948 a Carta dos Direitos Humanos, se recusou entrar no Conselho Mundial de Igrejas porque ela se julga acima e não junto das demais Igrejas, negou-se a apoiar a convocação de um Concílio universal de todos os cristãos na perspectiva da paz mundial, sob o pretexto de que cabe exclusivamente a Roma fazê-lo, proibiu a compra dos cartões da UNICEF destinados à infância carente, alegando que esta entidade favorecia o uso de preservativos. Ao lado disso, cresce o patrimônio imobiliário da Igreja que, segundo pesquisas (Adista 2/6/07), chega a 1/5 de todo o patrimônio italiano e romano. A especulação imobiliária e financeira rendeu ao Vaticano, entre 2004-2005, 1,47 bilhões de Euros.
A estratégia doutrinal do atual Papa é a do confronto direto com a modernidade, num pessimismo cultural inadmissível em alguém que deveria saber que o Espírito não é monopólio da Igreja e que a salvação é oferecida a todos.
Não causaria espanto se alguns mais radicais, animados por gestos do atual Papa, tentassem um cisma na Igreja. No século IV quase todos os bispos aderiram à heresia do arianismo (Cristo apenas semelhante a Deus). Foram os leigos que salvaram a Igreja, proclamando Jesus como Filho de Deus. É urgente atualizar esta história, dada a estreiteza de mente e o vazio teológico reinante nos altos escalões da Igreja.
Os acontecimentos ocorridos nos últimos meses dentro da Igreja Romano Católica fazem suscitar a questão do risco de esta assumir claramente comportamentos de seita. Bento XVI está imprimindo um curso perigoso à Igreja Católica. provocando severas críticas não apenas de teólogos mas de cardeais, de inteiros episcopados como o da França, de grupos de bispos da Alemanha e, espantosamente, de bispos da romaníssima Itália, além de outros líderes religiosos e de organismos ecumênicos mundiais. Desde seu tempo de Cardeal, tem tratado os grupos progressistas e os teólogos da libertação a bastonadas e com pele de pelica os conservadores e tradicionalistas, seguidores do Bispo Lefèbvre, excomungado em 1988 e que à revelia de Roma ordenou bispos e padres. O Vaticano acabou por acatar seus seminários onde formam o clero no rito tradicionalista. E agora acaba de atender a uma de suas demandas maiores: voltar à missa em latim do Concílio de Trento (1545-1563) com todas as limitações históricas, hoje inaceitáveis. Ai se reza "pelos pérfidos judeus" para que aceitem Jesus como Messias.
O mais grave ocorreu logo em seguida com a publicação de cinco questões sobre a igreja, oriunda da Congregação da Doutrina da Fé e aprovada pelo Papa, na qual se repete o que o então Cardeal J. Ratzinger em 2000 enfatizava no documento Dominus Jesus, verdadeiro exterminador do futuro do ecumenismo: a única Igreja de Cristo subsiste somente na Igreja Católica, fora da qual não há salvação. As demais "igrejas" não o são pois possuem apenas "elementos eclesiais" e a Igreja Ortodoxa, tida como uma expressão da catolicidade, foi rebaixada a simples igreja paticular. Estas posições reacendem a guerra religiosa quando todos estão buscando a paz, cuja realização é enfraquecida pela Igreja.
A Igreja está se isolando mais e mais de tudo. Sua base social são principalmente os movimentos, medíocres no pensamento e subservientes às autoridades; preferem a aeróbica de Deus a confrontar-se com os problemas da pobreza e da injustiça. Uma Igreja se comporta como seita, segundo clássicos como Troeltsch e Weber, quando tem a pretensão absolutista de deter sozinha a verdade, quando se nega ao diálogo, rejeita o trabalho ecumênico e manifesta crescente autofinalização. Nesse sentido, cabe lembrar que o Vaticano não assinou em 1948 a Carta dos Direitos Humanos, se recusou entrar no Conselho Mundial de Igrejas porque ela se julga acima e não junto das demais Igrejas, negou-se a apoiar a convocação de um Concílio universal de todos os cristãos na perspectiva da paz mundial, sob o pretexto de que cabe exclusivamente a Roma fazê-lo, proibiu a compra dos cartões da UNICEF destinados à infância carente, alegando que esta entidade favorecia o uso de preservativos. Ao lado disso, cresce o patrimônio imobiliário da Igreja que, segundo pesquisas (Adista 2/6/07), chega a 1/5 de todo o patrimônio italiano e romano. A especulação imobiliária e financeira rendeu ao Vaticano, entre 2004-2005, 1,47 bilhões de Euros.
A estratégia doutrinal do atual Papa é a do confronto direto com a modernidade, num pessimismo cultural inadmissível em alguém que deveria saber que o Espírito não é monopólio da Igreja e que a salvação é oferecida a todos.
Não causaria espanto se alguns mais radicais, animados por gestos do atual Papa, tentassem um cisma na Igreja. No século IV quase todos os bispos aderiram à heresia do arianismo (Cristo apenas semelhante a Deus). Foram os leigos que salvaram a Igreja, proclamando Jesus como Filho de Deus. É urgente atualizar esta história, dada a estreiteza de mente e o vazio teológico reinante nos altos escalões da Igreja.
31 agosto 2007
Discipulado sim, liderança nem pensar...
Joerley Cruz
O que está havendo com a Igreja de Jesus? Por que tanta agitação em torno daquilo que anda distante das palavras do nosso Senhor?
Em nossos dias, nunca ouvimos falar tanto sobre formação de liderança. Para que tanta liderança, sendo que necessitamos aprender, a cada dia, vivermos como irmãos? A Bíblia declara a importância em sermos irmãos, em um ao outro ajudar, não como um organismo corporativista, mas como uma família. Não há da boca do Senhor, nenhuma insistência em nos relacionarmos, baseados em estratégias, técnicas, receitas que levam ao sucesso – sabendo de Quem é a Igreja, como se mede uma igreja de sucesso? O sucesso não seria de Cristo? Mas Cristo precisa de sucesso?
Tudo se inicia na observação honesta da natureza da Igreja de Cristo. “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” (S.Mateus 18,20).
A Igreja de Jesus é formada por aqueles que nasceram do Espírito do próprio Deus, sendo o Espírito, o condutor da Igreja – “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.” (S.João 3,8; cf. S.João 16,13).
A Igreja de Jesus não possui donos, nem sábios demais que se responsabilizem pelo “futuro da igreja”. Não somos capazes de assumir a direção das coisas do Reino de Deus, uma vez que somos súditos – “Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos. A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso Pai, aquele que está nos céus. Nem sereis chamados guias, porque um só é vosso Guia, o Cristo. Mas o maior dentre vós será vosso servo. Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado.” (S.Mateus 23,8-12).
A liderança pregada no seio da Igreja se preocupa com a organização, com métodos, em como fazer, aonde chegar, de maneira eficaz, “impressionando” e “encantando” os de fora, sem dar chances a ninguém em dizer que a Igreja é “chata” – uma vez que o secularismo recebeu créditos pela salvação dessa Igreja denominada “chata”. Talvez, seja verdade que a Igreja de Jesus não agrade a muitos, isso porque a Igreja de Jesus é formada por aqueles que enxergam exclusivamente o Senhor. Ela não consiste em satisfazer àqueles que se escravizam na sua própria eficiência, avaliando seus métodos, e investindo em suas placas. Estas questões arrancam a sensibilidade do evangelho, o evangelho que não depende de nosso raciocínio para produzir seus efeitos.
As pessoas não precisam ser lideradas, elas necessitam ser amadas por toda a igreja, pastoreadas por todos, ouvidas por todos. As pessoas da igreja não são números que se juntam em torno de idéias humanas, na possibilidade de entretenimento, ou projetos ao vento. Não há organograma no corpo de Cristo, mas há membros desse corpo que se auxiliam mutuamente. Aqueles que são Igreja precisam conhecer cada vez mais e melhor a cruz de Cristo, a sua ressurreição, e seu senhorio. Isso somente é possível, se houver uma insistente investigação nas Escrituras.
A vida cristã, na prática, não possui sentido se não nos assentarmos em torno das Escrituras, onde há revelação para a vida, e ensino para uma caminhada como discípulos do Mestre Jesus.
A Igreja do Senhor Jesus tem como finalidade reunir-se em volta do próprio Senhor, conhecê-lo mais, e convidar pra que outros façam o mesmo. Não há truques, mágicas, malabarismos, ferramentas, kits, nada que possa enfatizar a reunião da Igreja; mas existe apenas um sentimento de simplicidade e uma preocupação em sermos encontrados nele, Jesus, e como discípulos, andarmos como Ele andou. Somos chamados à simplicidade da reunião de discípulos de Jesus. Somos chamados ao discipulado. A impressão que se dá é que ninguém se contenta em ser discípulo do Senhor – talvez o sentimento do jardim do Éden nos fez voltar na síndrome do algo mais, do descontentamento com o ser discípulo.
Nosso Senhor não nos chamou para sermos lideres, mas para sermos discípulos, ouvindo a Sua voz, alimentando-se com a Sua vontade, adorando-O, e participando, coerentemente, de Seu Reino. Somos chamados ao discipulado, com simplicidade de coração, com desejo ardente de conhecer a Cristo – “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e a considero como esterco, para ganhar a Cristo.” (Filipenses 3,7-8).
Como discípulos de Jesus, nossa preocupação é andar com Cristo e em Cristo, convidando outros para que se juntem a nós, nas mesmas ações, e no sentimento do próprio Cristo.
O que está havendo com a Igreja de Jesus? Por que tanta agitação em torno daquilo que anda distante das palavras do nosso Senhor?
Em nossos dias, nunca ouvimos falar tanto sobre formação de liderança. Para que tanta liderança, sendo que necessitamos aprender, a cada dia, vivermos como irmãos? A Bíblia declara a importância em sermos irmãos, em um ao outro ajudar, não como um organismo corporativista, mas como uma família. Não há da boca do Senhor, nenhuma insistência em nos relacionarmos, baseados em estratégias, técnicas, receitas que levam ao sucesso – sabendo de Quem é a Igreja, como se mede uma igreja de sucesso? O sucesso não seria de Cristo? Mas Cristo precisa de sucesso?
Tudo se inicia na observação honesta da natureza da Igreja de Cristo. “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” (S.Mateus 18,20).
A Igreja de Jesus é formada por aqueles que nasceram do Espírito do próprio Deus, sendo o Espírito, o condutor da Igreja – “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.” (S.João 3,8; cf. S.João 16,13).
A Igreja de Jesus não possui donos, nem sábios demais que se responsabilizem pelo “futuro da igreja”. Não somos capazes de assumir a direção das coisas do Reino de Deus, uma vez que somos súditos – “Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos. A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso Pai, aquele que está nos céus. Nem sereis chamados guias, porque um só é vosso Guia, o Cristo. Mas o maior dentre vós será vosso servo. Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado.” (S.Mateus 23,8-12).
A liderança pregada no seio da Igreja se preocupa com a organização, com métodos, em como fazer, aonde chegar, de maneira eficaz, “impressionando” e “encantando” os de fora, sem dar chances a ninguém em dizer que a Igreja é “chata” – uma vez que o secularismo recebeu créditos pela salvação dessa Igreja denominada “chata”. Talvez, seja verdade que a Igreja de Jesus não agrade a muitos, isso porque a Igreja de Jesus é formada por aqueles que enxergam exclusivamente o Senhor. Ela não consiste em satisfazer àqueles que se escravizam na sua própria eficiência, avaliando seus métodos, e investindo em suas placas. Estas questões arrancam a sensibilidade do evangelho, o evangelho que não depende de nosso raciocínio para produzir seus efeitos.
As pessoas não precisam ser lideradas, elas necessitam ser amadas por toda a igreja, pastoreadas por todos, ouvidas por todos. As pessoas da igreja não são números que se juntam em torno de idéias humanas, na possibilidade de entretenimento, ou projetos ao vento. Não há organograma no corpo de Cristo, mas há membros desse corpo que se auxiliam mutuamente. Aqueles que são Igreja precisam conhecer cada vez mais e melhor a cruz de Cristo, a sua ressurreição, e seu senhorio. Isso somente é possível, se houver uma insistente investigação nas Escrituras.
A vida cristã, na prática, não possui sentido se não nos assentarmos em torno das Escrituras, onde há revelação para a vida, e ensino para uma caminhada como discípulos do Mestre Jesus.
A Igreja do Senhor Jesus tem como finalidade reunir-se em volta do próprio Senhor, conhecê-lo mais, e convidar pra que outros façam o mesmo. Não há truques, mágicas, malabarismos, ferramentas, kits, nada que possa enfatizar a reunião da Igreja; mas existe apenas um sentimento de simplicidade e uma preocupação em sermos encontrados nele, Jesus, e como discípulos, andarmos como Ele andou. Somos chamados à simplicidade da reunião de discípulos de Jesus. Somos chamados ao discipulado. A impressão que se dá é que ninguém se contenta em ser discípulo do Senhor – talvez o sentimento do jardim do Éden nos fez voltar na síndrome do algo mais, do descontentamento com o ser discípulo.
Nosso Senhor não nos chamou para sermos lideres, mas para sermos discípulos, ouvindo a Sua voz, alimentando-se com a Sua vontade, adorando-O, e participando, coerentemente, de Seu Reino. Somos chamados ao discipulado, com simplicidade de coração, com desejo ardente de conhecer a Cristo – “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e a considero como esterco, para ganhar a Cristo.” (Filipenses 3,7-8).
Como discípulos de Jesus, nossa preocupação é andar com Cristo e em Cristo, convidando outros para que se juntem a nós, nas mesmas ações, e no sentimento do próprio Cristo.
04 julho 2007
Oração e liberdade pessoal
Thomas Merton
“ A oração é a mais verdadeira garantia da liberdade pessoal. Somos mais verdadeiramente livres no livre encontro de nossos corações com Deus em Sua palavra e ao recebermos o Seu Espírito, que é o Espírito de verdade e liberdade . A Verdade que nos liberta não é uma mera questão de informação sobre Deus, mas a presença em nós, por amor e graça, de uma pessoa divina que nos leva a participar da vida pessoal íntima de Deus como Seus Filhos [e Filhas] adotivos. Esta é a base de toda oração, e toda oração deve estar voltada para este mistério da adoção na qual o Espírito em nós reconhece o Pai. O clamor do Espírito em nós, o clamor do reconhecimento de que somos Filhos [e Filhas] no Filho, é o cerne da nossa oração e o maior motivo de oração. Portanto, recolhimento não é exclusão de coisas materiais, e sim atenção ao Espírito no mais íntimo do nosso coração. A vida contemplativa não deve ser encarada como uma prerrogativa exclusiva dos que residem entre paredes monásticas. Todos podem procurar e encontrar essa consciência e despertar íntimos que são dons de amor e um toque vivificante de poder criador e redentor, do poder que ergueu Cristo de entre os mortos e que nos limpa das obras de morte para servirmos ao Deus vivo. Hoje com certeza é preciso enfatizar que a oração é uma real fonte de liberdade pessoal em meio a um mundo no qual somos dominados por organizações imponentes e instituições rígidas que só procuram nos explorar para obter dinheiro e poder. Longe de ser a causa da alienação, a verdadeira religião em espírito é uma força libertadora que nos ajuda a encontrar-nos em Deus .”
“ A oração é a mais verdadeira garantia da liberdade pessoal. Somos mais verdadeiramente livres no livre encontro de nossos corações com Deus em Sua palavra e ao recebermos o Seu Espírito, que é o Espírito de verdade e liberdade . A Verdade que nos liberta não é uma mera questão de informação sobre Deus, mas a presença em nós, por amor e graça, de uma pessoa divina que nos leva a participar da vida pessoal íntima de Deus como Seus Filhos [e Filhas] adotivos. Esta é a base de toda oração, e toda oração deve estar voltada para este mistério da adoção na qual o Espírito em nós reconhece o Pai. O clamor do Espírito em nós, o clamor do reconhecimento de que somos Filhos [e Filhas] no Filho, é o cerne da nossa oração e o maior motivo de oração. Portanto, recolhimento não é exclusão de coisas materiais, e sim atenção ao Espírito no mais íntimo do nosso coração. A vida contemplativa não deve ser encarada como uma prerrogativa exclusiva dos que residem entre paredes monásticas. Todos podem procurar e encontrar essa consciência e despertar íntimos que são dons de amor e um toque vivificante de poder criador e redentor, do poder que ergueu Cristo de entre os mortos e que nos limpa das obras de morte para servirmos ao Deus vivo. Hoje com certeza é preciso enfatizar que a oração é uma real fonte de liberdade pessoal em meio a um mundo no qual somos dominados por organizações imponentes e instituições rígidas que só procuram nos explorar para obter dinheiro e poder. Longe de ser a causa da alienação, a verdadeira religião em espírito é uma força libertadora que nos ajuda a encontrar-nos em Deus .”
14 junho 2007
O Cristianismo ligando os homens
João Crisóstomo (345-407 d.C.)
Há algo mais ridículo do que um cristão que não se preocupa com os outros? Não tome como pretexto a sua pobreza: a viúva que pôs duas pequenas moedas na arca do tesouro (Mc 12.42) se levantaria contra você; Pedro também, ele que dizia ao coxo: "Não tenho ouro nem prata" (At 3.6), e Paulo, tão pobre que tinha muitas vezes fome. Não use a sua condição social, pois os apóstolos também eram humildes e de baixa condição. Não invoque a tua ignorância, porque eles eram homens iletrados. Mesmo se você fosse escravo ou fugitivo, poderia sempre fazer o que dependesse de você. Assim era Onésimo que Paulo elogiou. A sua saúde é frágil? Timóteo também o era. Sim, seja o que for que sejamos, não importa quem pode ser útil ao seu próximo, se ele quer verdadeiramente fazer o que ele pode.
Vê quantas árvores da floresta são vigorosas, belas, esbeltas? E contudo, nos jardins, preferimos árvores de fruto ou oliveiras cobertas de frutos. Belas árvores estéreis..., assim são os homens que apenas consideram o seu próprio interesse...
Se o fermento não levedasse a massa, não seria um verdadeiro fermento. Se um perfume não perfumasse os que estão perto, poderíamos chamá-lo de perfume? Não diga portanto que é impossível ter uma boa influência sobre os outros, porque se é verdadeiramente cristão, é impossível que não se passe nada; isso faz parte da essência própria do cristão... Será tão contraditório dizer que um cristão não pode ser útil ao seu próximo como negar ao sol a possibilidade de iluminar e aquecer.
Há algo mais ridículo do que um cristão que não se preocupa com os outros? Não tome como pretexto a sua pobreza: a viúva que pôs duas pequenas moedas na arca do tesouro (Mc 12.42) se levantaria contra você; Pedro também, ele que dizia ao coxo: "Não tenho ouro nem prata" (At 3.6), e Paulo, tão pobre que tinha muitas vezes fome. Não use a sua condição social, pois os apóstolos também eram humildes e de baixa condição. Não invoque a tua ignorância, porque eles eram homens iletrados. Mesmo se você fosse escravo ou fugitivo, poderia sempre fazer o que dependesse de você. Assim era Onésimo que Paulo elogiou. A sua saúde é frágil? Timóteo também o era. Sim, seja o que for que sejamos, não importa quem pode ser útil ao seu próximo, se ele quer verdadeiramente fazer o que ele pode.
Vê quantas árvores da floresta são vigorosas, belas, esbeltas? E contudo, nos jardins, preferimos árvores de fruto ou oliveiras cobertas de frutos. Belas árvores estéreis..., assim são os homens que apenas consideram o seu próprio interesse...
Se o fermento não levedasse a massa, não seria um verdadeiro fermento. Se um perfume não perfumasse os que estão perto, poderíamos chamá-lo de perfume? Não diga portanto que é impossível ter uma boa influência sobre os outros, porque se é verdadeiramente cristão, é impossível que não se passe nada; isso faz parte da essência própria do cristão... Será tão contraditório dizer que um cristão não pode ser útil ao seu próximo como negar ao sol a possibilidade de iluminar e aquecer.
26 abril 2007
Motivações Cristãs
Joerley Cruz
O que nos incentiva a seguirmos Jesus todos os dias? Por que nos reunimos como igreja?
Essas duas perguntas devem nos perseguir, devem permear nossa mente e coração.
O que nos incentiva a seguirmos Jesus todos os dias? – ninguém nos manda seguir a Cristo, não somos obrigados a amar ao Senhor. No entanto, nosso amor por Jesus é medido pelo nosso interesse em guardar seus mandamentos (João 14,21), em amar suas palavras, praticando-as, e dedicando nossa vida, nosso tempo, nosso interesse, direcionando nosso desejo em primeiro lugar a Cristo. Não são nossas palavras, simplesmente, que provam nosso amor a Jesus, que provam o porquê de O seguirmos. Não seguimos Cristo por meio de palavras, pois nossa palavra na convence o coração de Deus, mas nossas ações, materializadas no meio da igreja, nossas ações inseridas e dedicadas à igreja do Senhor. O que nos incentiva é a nossa busca e participação no Corpo de Cristo (a Igreja). Quando isso não acontece, demonstramos que não estamos interessados completamente em Jesus.
Por que nos reunimos como igreja? – porque Jesus nos ensina que Ele estará presente quando dois ou três estiverem reunidos em seu nome. Não reunir-se entre dois ou três, é não viver a presença de Jesus. Não participar do Corpo de Cristo em sua dinâmica, alimentando e sendo alimentado, edificando e sendo edificado, servindo e usufruindo do serviço, é valorizar e levar a sério uma reunião de dois ou três. A reunião contínua do Corpo de Cristo (Igreja reunida periodicamente) confirma nosso desejo contínuo por Jesus (nos reunimos no nome dEle), isso significa que os que se distanciam da reunião de dois ou três, negligenciam a presença de Jesus – presença que não há igual em lugar algum. Por que negligenciamos a reunião de dois ou três em nome do Senhor Jesus, sendo Ele o motivo de reunirmo-nos. Não nos reunimos em nosso nome, nem por nossos interesses, nem para satisfazer nossos anseios que se resumem, por muitas vezes, em almoços, festas, bolos, fotografias, balões e risadas, mas nos reunimos para celebrar o nome de Jesus, que foi levantado numa cruz para que, a cada dia, todos os dias, nos lembrássemos dEle, desejando estarmos juntos, com grande desejo, sendo esse o maior desejo. Devemos consultar nosso coração, descobrir os valores que temos, o que é prioridade em nossa vida, buscando de Deus o que acontece com nosso coração enganoso. Como diz Davi: “vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139,24). Que Deus nos abençoe e tenha misericórdia de nós.
Em Cristo †
O que nos incentiva a seguirmos Jesus todos os dias? Por que nos reunimos como igreja?
Essas duas perguntas devem nos perseguir, devem permear nossa mente e coração.
O que nos incentiva a seguirmos Jesus todos os dias? – ninguém nos manda seguir a Cristo, não somos obrigados a amar ao Senhor. No entanto, nosso amor por Jesus é medido pelo nosso interesse em guardar seus mandamentos (João 14,21), em amar suas palavras, praticando-as, e dedicando nossa vida, nosso tempo, nosso interesse, direcionando nosso desejo em primeiro lugar a Cristo. Não são nossas palavras, simplesmente, que provam nosso amor a Jesus, que provam o porquê de O seguirmos. Não seguimos Cristo por meio de palavras, pois nossa palavra na convence o coração de Deus, mas nossas ações, materializadas no meio da igreja, nossas ações inseridas e dedicadas à igreja do Senhor. O que nos incentiva é a nossa busca e participação no Corpo de Cristo (a Igreja). Quando isso não acontece, demonstramos que não estamos interessados completamente em Jesus.
Por que nos reunimos como igreja? – porque Jesus nos ensina que Ele estará presente quando dois ou três estiverem reunidos em seu nome. Não reunir-se entre dois ou três, é não viver a presença de Jesus. Não participar do Corpo de Cristo em sua dinâmica, alimentando e sendo alimentado, edificando e sendo edificado, servindo e usufruindo do serviço, é valorizar e levar a sério uma reunião de dois ou três. A reunião contínua do Corpo de Cristo (Igreja reunida periodicamente) confirma nosso desejo contínuo por Jesus (nos reunimos no nome dEle), isso significa que os que se distanciam da reunião de dois ou três, negligenciam a presença de Jesus – presença que não há igual em lugar algum. Por que negligenciamos a reunião de dois ou três em nome do Senhor Jesus, sendo Ele o motivo de reunirmo-nos. Não nos reunimos em nosso nome, nem por nossos interesses, nem para satisfazer nossos anseios que se resumem, por muitas vezes, em almoços, festas, bolos, fotografias, balões e risadas, mas nos reunimos para celebrar o nome de Jesus, que foi levantado numa cruz para que, a cada dia, todos os dias, nos lembrássemos dEle, desejando estarmos juntos, com grande desejo, sendo esse o maior desejo. Devemos consultar nosso coração, descobrir os valores que temos, o que é prioridade em nossa vida, buscando de Deus o que acontece com nosso coração enganoso. Como diz Davi: “vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139,24). Que Deus nos abençoe e tenha misericórdia de nós.
Em Cristo †
25 abril 2007
Os rumos da Igreja de Jesus
Joerley Cruz
A Igreja de Jesus tem sofrido alterações com a passagem dos séculos. No início da era cristã, tudo começou com a comunhão entre dois ou três, referida por Jesus: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (evangelho segundo são João 18,20).
A Igreja aumentou com a presença constante do Espírito Santo, trazendo vida e dons àqueles que a compunham. Não eram mais dois ou três, mas sim, três mil batizados (Atos dos apóstolos 2,41), e ainda o Senhor acrescentava-lhes, dia a dia, os que iam sendo salvos (Atos dos apóstolos 2,47).
Com a perseguição assumida oficialmente à Igreja cristã, os salvos foram dispersos. Cada um em uma cidade, cada qual em um lugar. A dispersão foi decretada. Os cristãos passam a viver em todos os lugares variados.
A Igreja voltou a crescer, porém, de forma expandida, e não de maneira local, chegando a ultrapassar os milhares, porém, dispersos. E isso garantiu com que o evangelho chegasse onde não existia. O tempo passou e a historia da Igreja foi se formando. A Igreja caminhou, e institucionalizou-se.
Hoje, podemos enxergar a Igreja de várias formas e estruturas. A variedade é tão grande que a identidade da mesma Igreja cristã segue por ameaça. Caminhamos ao lado de ortodoxos, liberais, fundamentalistas, neo-pentecostais, igrejas pseudo-cristãs, etc. A sombra de variação já foi invadida pelo sol.
Poderíamos pensar em milhares de Igrejas cristãs espalhadas, formadas por dois ou três. Incontáveis comunidades cristãs de dois ou três, que se reúnem em nome de Cristo.
Hoje, em uma cultura ocidental, um grupo de pessoas, seja religioso ou não, tem credibilidade na medida em que a quantidade de adeptos, membros, ou colaboradores, provoque surpresas diante de seu crescimento. Vivemos numa utopia de resultados. Os resultados são perseguidos, de forma que venha “comprovar” a eficácia. Sendo que é sempre importante lembrarmos que o reino de Deus, pregado por Jesus (um sistema de vida que mescla o domínio do Espírito, influenciando nosso espírito, com a convivência do mundo material e palpável) é o Espírito de Deus quem sopra, não creditando a uma eficácia humana.
Olhando para a realidade da vida da Igreja cristã, a ação humana é colocada em evidência, em destaque, de maneira preferencial. Os homens dão as rédeas nos lugares e nas comunidades onde pisam, onde se concentram. A Igreja cristã contemporânea divide-se entre as que aderiram a um secularismo, seja sutil, ou muitas vezes, assumido, onde seus líderes exalam seus sonhos pessoais, administrativos, corporativos, com técnicas de crescimento, métodos organizacionais e formação de liderança, cunhada em um antropocentrismo justificado na salvação que Cristo dá; co-existindo com aquelas que perseguem uma notoriedade por meio da mídia multifacetada, com um errôneo sentimento de reconhecimento e aceitação – essas prometem bênçãos divinas, agendando a visita de Deus em um determinado dia, onde Ele fará milagres, e proporcionará situações nunca antes vistas. São ainda essas que montam seu próprio império, à custa de expectadores de auditório, que mal sabem seus nomes, suas vidas, dilemas e angústias; existem as igrejas cristocêntricas, diferindo com as outras, uma vez que muitas colocam Cristo no centro de maneira, apenas, discursiva, no entanto, essas de fato, colocam e discursam a respeito de Cristo, nosso Senhor, estar no centro e ser o centro.
Essas últimas são as que sofrem, uma vez que não produzem um diferencial aos olhos desprovidos de fé. São essas comunidades-igrejas minoritárias, que os homens desacreditam, por não proporcionarem resultados que abalem uma sociedade acostumada em ser platéia, que aplaudem os talentosos, mas fogem daqueles que se importam tão somente com o Cristo, que se importam em negar suas vidas, desejos, sonhos, vontades, ambições infantis, em troca do supremo conhecimento de Cristo.
Os grandes auditórios estão cada vez mais lotados, pelo menos enquanto os interesses estiverem em primazia. Os dois ou três estão cada vez mais literais em seu número, porém, mais dispersos como a igreja primitiva, um dia, foi – prontos para receberem um dia, quem sabe, os feridos e pisados pela multidão. Mas hoje, os poucos dois ou três vivem no anonimato, seguindo e servindo a Jesus com simplicidade, porém, com profundidade que é imperceptível pelos notáveis, fazendo a obra de Jesus, que não é vão no Senhor.
Em nome da igreja de Cristo Jesus dos dois ou três...
Em Cristo †
A Igreja de Jesus tem sofrido alterações com a passagem dos séculos. No início da era cristã, tudo começou com a comunhão entre dois ou três, referida por Jesus: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (evangelho segundo são João 18,20).
A Igreja aumentou com a presença constante do Espírito Santo, trazendo vida e dons àqueles que a compunham. Não eram mais dois ou três, mas sim, três mil batizados (Atos dos apóstolos 2,41), e ainda o Senhor acrescentava-lhes, dia a dia, os que iam sendo salvos (Atos dos apóstolos 2,47).
Com a perseguição assumida oficialmente à Igreja cristã, os salvos foram dispersos. Cada um em uma cidade, cada qual em um lugar. A dispersão foi decretada. Os cristãos passam a viver em todos os lugares variados.
A Igreja voltou a crescer, porém, de forma expandida, e não de maneira local, chegando a ultrapassar os milhares, porém, dispersos. E isso garantiu com que o evangelho chegasse onde não existia. O tempo passou e a historia da Igreja foi se formando. A Igreja caminhou, e institucionalizou-se.
Hoje, podemos enxergar a Igreja de várias formas e estruturas. A variedade é tão grande que a identidade da mesma Igreja cristã segue por ameaça. Caminhamos ao lado de ortodoxos, liberais, fundamentalistas, neo-pentecostais, igrejas pseudo-cristãs, etc. A sombra de variação já foi invadida pelo sol.
Poderíamos pensar em milhares de Igrejas cristãs espalhadas, formadas por dois ou três. Incontáveis comunidades cristãs de dois ou três, que se reúnem em nome de Cristo.
Hoje, em uma cultura ocidental, um grupo de pessoas, seja religioso ou não, tem credibilidade na medida em que a quantidade de adeptos, membros, ou colaboradores, provoque surpresas diante de seu crescimento. Vivemos numa utopia de resultados. Os resultados são perseguidos, de forma que venha “comprovar” a eficácia. Sendo que é sempre importante lembrarmos que o reino de Deus, pregado por Jesus (um sistema de vida que mescla o domínio do Espírito, influenciando nosso espírito, com a convivência do mundo material e palpável) é o Espírito de Deus quem sopra, não creditando a uma eficácia humana.
Olhando para a realidade da vida da Igreja cristã, a ação humana é colocada em evidência, em destaque, de maneira preferencial. Os homens dão as rédeas nos lugares e nas comunidades onde pisam, onde se concentram. A Igreja cristã contemporânea divide-se entre as que aderiram a um secularismo, seja sutil, ou muitas vezes, assumido, onde seus líderes exalam seus sonhos pessoais, administrativos, corporativos, com técnicas de crescimento, métodos organizacionais e formação de liderança, cunhada em um antropocentrismo justificado na salvação que Cristo dá; co-existindo com aquelas que perseguem uma notoriedade por meio da mídia multifacetada, com um errôneo sentimento de reconhecimento e aceitação – essas prometem bênçãos divinas, agendando a visita de Deus em um determinado dia, onde Ele fará milagres, e proporcionará situações nunca antes vistas. São ainda essas que montam seu próprio império, à custa de expectadores de auditório, que mal sabem seus nomes, suas vidas, dilemas e angústias; existem as igrejas cristocêntricas, diferindo com as outras, uma vez que muitas colocam Cristo no centro de maneira, apenas, discursiva, no entanto, essas de fato, colocam e discursam a respeito de Cristo, nosso Senhor, estar no centro e ser o centro.
Essas últimas são as que sofrem, uma vez que não produzem um diferencial aos olhos desprovidos de fé. São essas comunidades-igrejas minoritárias, que os homens desacreditam, por não proporcionarem resultados que abalem uma sociedade acostumada em ser platéia, que aplaudem os talentosos, mas fogem daqueles que se importam tão somente com o Cristo, que se importam em negar suas vidas, desejos, sonhos, vontades, ambições infantis, em troca do supremo conhecimento de Cristo.
Os grandes auditórios estão cada vez mais lotados, pelo menos enquanto os interesses estiverem em primazia. Os dois ou três estão cada vez mais literais em seu número, porém, mais dispersos como a igreja primitiva, um dia, foi – prontos para receberem um dia, quem sabe, os feridos e pisados pela multidão. Mas hoje, os poucos dois ou três vivem no anonimato, seguindo e servindo a Jesus com simplicidade, porém, com profundidade que é imperceptível pelos notáveis, fazendo a obra de Jesus, que não é vão no Senhor.
Em nome da igreja de Cristo Jesus dos dois ou três...
Em Cristo †
09 abril 2007
O Evangelho da Graça de Cristo - O Evangelho de Cristo: de graça
Joerley Cruz
“Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.” (Isaías 55,1)
É o próprio Deus, por intermédio de seu profeta Isaías, que convida os sedentos para mergulharem nas águas abundantes, onde se encontra sua graça salvífica. O convite é também para os famintos, os que estão vazios, sem esperança, não importando seu dinheiro.
A sede espiritual não pode ser comprada com dinheiro. A salvação não pode ser vendida. Não há dinheiro, não há esforço em troca de salvação, não há mérito em nenhum de nós, que justifique a inexplicável graça de Deus. Como escreveu Paulo em sua carta aos Efésios (2,8), o dinheiro está nas mãos de Deus, a vontade está nas mãos de Deus, o amor sobre-humano, que constrange, está em Deus.
A comunhão com Deus se dá em um ambiente simples, sem apetrechos, sem obrigações que geram condições. A comunhão com Deus independe da falsa intimidade de homens ou mulheres que tentam ser um canal da graça de Deus para que outros “vejam” Deus.
Cristo é nosso acesso. Experimentamos e testificamos da graça de Deus quando amamos e guardamos as palavras de Cristo. Uma atitude de entrega incondicional a Jesus, nos indica a suficiência de Jesus. Não é dinheiro, não são esforços. Não é condição social ou financeira, mas são corações fiéis num Deus suficiente, que não tem sua face impressa em nenhuma moeda.
Deus não recebe nada de nossas mãos. Nós oferecemos a Deus nosso amor, nossa devoção, nosso coração grato, com espírito de adoração e gratidão.
Dirigimo-nos a Deus agradecidos por sua graça, constrangidos por seu amor. Buscamos a Deus para adorá-lo na beleza de sua majestade.
Buscamos a Deus para contemplá-lo, numa ação de gratidão infinita. Depositamos nossa vida em seus pés, e exclamamos que não temos para onde ir.
Deus está perto porque Cristo aproximou-se e habitou no meio de nós (Evangelho Segundo São João 2,14). Deus está perto porque Jesus nos deixou o Consolador. O Espírito de Deus que nos acompanha está dentro de nós, nos auxiliando em tudo (Evangelho Segundo São João 14,16-31).
É completamente insano o quadro que enxergamos em nossos dias. Os homens se tornaram deuses, e Deus está longe dos homens. Os homens estão distanciando os homens de Deus. Os homens têm tornado a graça ingrata. Muitos tomam uma posição “profética” duvidosa, assumindo em suas palavras, a Palavra de Deus.
O Evangelho da Graça de Cristo está imensuravelmente distante dos templos, pois os templos são demasiadamente pequenos para comportar a imensa e, muitas vezes, desconhecida graça de Jesus. Está distante dos canais televisivos, uma vez que Jesus não veio formar auditórios, e nem consumidores do evangelho. Está distante das palavras sábias de alguns pretensos gurus, que se autodenominam “representantes” do povo de Deus.
Deus está presente nas narrativas dos evangelhos. Ele tem sido representado por pessoas anônimas, desconhecidas, pobres de espírito, mas com fome e sede de justiça. O nosso Deus, Cristo Jesus, é alguém desprovido dessa igreja institucionalizada. Cristo não participa dos dogmas humanos, onde “faça o que digo, mas não faça o que faço”. Jesus não está preso às formalidades, às decisões tão somente humanas, que subestimam a autoridade de Sua revelação, contida nas Sagradas Escrituras – que Inclusive, são pouco consultadas.
A impressão que se dá é que Deus está em um lugar, onde muitos não se aproximam. Ele chama: “vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei” – a água que Cristo dá não permite a seca. Nunca teremos sede na fonte que é Jesus. A sede se dá porque não há onde beber, e os famintos não possuem bens suficientes para comprar o pão custoso dos tiranos que comercializam Deus. Por isso, temos visto e ouvido poços secos, sepulcros caiados, lugares e pessoas inexpressivas, cheias de razão, maneirismos, modernas facilidades, conhecimento que provoca coceiras nos ouvidos, autoridade desautorizada, mas que não possuem humildade e contrição. O Senhor nos chama para perto dele, distante dos falsários. Ele nos convida para irmos à fonte, onde há água pura e límpida, que jorra salvação, e que de tal fonte, ninguém é dono. Ele nos distancia das águas sujas e do pão embolorado.
Deus nos convida à sua presença. Ele nos convida a estarmos em um ambiente de paz, sem sacrifícios, sem barganhas, sem troca de favores, mas sim, um ambiente de graça e de reconhecimento do amor de Cristo, nosso Salvador e Senhor.
Jesus, o Cristo, o Senhor da vida, convida aqueles que estão sedentos, da mesma forma que ele oferece água à mulher samaritana, dizendo que Sua água nunca acaba (Evangelho Segundo São João 4). Cristo convida os que têm fome, para que venham e se alimentem do pão da vida – alimento este que não cessa, não permitindo que alguém sofra de fome. Ele que convida o povo a se alimentar dele (Evangelho Segundo São João 6).
É a voz de Cristo que devemos ouvir. De sua fonte devemos beber, e de suas mãos devemos comer, virando as costas a todo aquele que pede algo mais de nós.
“Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.” (Isaías 55,1)
É o próprio Deus, por intermédio de seu profeta Isaías, que convida os sedentos para mergulharem nas águas abundantes, onde se encontra sua graça salvífica. O convite é também para os famintos, os que estão vazios, sem esperança, não importando seu dinheiro.
A sede espiritual não pode ser comprada com dinheiro. A salvação não pode ser vendida. Não há dinheiro, não há esforço em troca de salvação, não há mérito em nenhum de nós, que justifique a inexplicável graça de Deus. Como escreveu Paulo em sua carta aos Efésios (2,8), o dinheiro está nas mãos de Deus, a vontade está nas mãos de Deus, o amor sobre-humano, que constrange, está em Deus.
A comunhão com Deus se dá em um ambiente simples, sem apetrechos, sem obrigações que geram condições. A comunhão com Deus independe da falsa intimidade de homens ou mulheres que tentam ser um canal da graça de Deus para que outros “vejam” Deus.
Cristo é nosso acesso. Experimentamos e testificamos da graça de Deus quando amamos e guardamos as palavras de Cristo. Uma atitude de entrega incondicional a Jesus, nos indica a suficiência de Jesus. Não é dinheiro, não são esforços. Não é condição social ou financeira, mas são corações fiéis num Deus suficiente, que não tem sua face impressa em nenhuma moeda.
Deus não recebe nada de nossas mãos. Nós oferecemos a Deus nosso amor, nossa devoção, nosso coração grato, com espírito de adoração e gratidão.
Dirigimo-nos a Deus agradecidos por sua graça, constrangidos por seu amor. Buscamos a Deus para adorá-lo na beleza de sua majestade.
Buscamos a Deus para contemplá-lo, numa ação de gratidão infinita. Depositamos nossa vida em seus pés, e exclamamos que não temos para onde ir.
Deus está perto porque Cristo aproximou-se e habitou no meio de nós (Evangelho Segundo São João 2,14). Deus está perto porque Jesus nos deixou o Consolador. O Espírito de Deus que nos acompanha está dentro de nós, nos auxiliando em tudo (Evangelho Segundo São João 14,16-31).
É completamente insano o quadro que enxergamos em nossos dias. Os homens se tornaram deuses, e Deus está longe dos homens. Os homens estão distanciando os homens de Deus. Os homens têm tornado a graça ingrata. Muitos tomam uma posição “profética” duvidosa, assumindo em suas palavras, a Palavra de Deus.
O Evangelho da Graça de Cristo está imensuravelmente distante dos templos, pois os templos são demasiadamente pequenos para comportar a imensa e, muitas vezes, desconhecida graça de Jesus. Está distante dos canais televisivos, uma vez que Jesus não veio formar auditórios, e nem consumidores do evangelho. Está distante das palavras sábias de alguns pretensos gurus, que se autodenominam “representantes” do povo de Deus.
Deus está presente nas narrativas dos evangelhos. Ele tem sido representado por pessoas anônimas, desconhecidas, pobres de espírito, mas com fome e sede de justiça. O nosso Deus, Cristo Jesus, é alguém desprovido dessa igreja institucionalizada. Cristo não participa dos dogmas humanos, onde “faça o que digo, mas não faça o que faço”. Jesus não está preso às formalidades, às decisões tão somente humanas, que subestimam a autoridade de Sua revelação, contida nas Sagradas Escrituras – que Inclusive, são pouco consultadas.
A impressão que se dá é que Deus está em um lugar, onde muitos não se aproximam. Ele chama: “vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei” – a água que Cristo dá não permite a seca. Nunca teremos sede na fonte que é Jesus. A sede se dá porque não há onde beber, e os famintos não possuem bens suficientes para comprar o pão custoso dos tiranos que comercializam Deus. Por isso, temos visto e ouvido poços secos, sepulcros caiados, lugares e pessoas inexpressivas, cheias de razão, maneirismos, modernas facilidades, conhecimento que provoca coceiras nos ouvidos, autoridade desautorizada, mas que não possuem humildade e contrição. O Senhor nos chama para perto dele, distante dos falsários. Ele nos convida para irmos à fonte, onde há água pura e límpida, que jorra salvação, e que de tal fonte, ninguém é dono. Ele nos distancia das águas sujas e do pão embolorado.
Deus nos convida à sua presença. Ele nos convida a estarmos em um ambiente de paz, sem sacrifícios, sem barganhas, sem troca de favores, mas sim, um ambiente de graça e de reconhecimento do amor de Cristo, nosso Salvador e Senhor.
Jesus, o Cristo, o Senhor da vida, convida aqueles que estão sedentos, da mesma forma que ele oferece água à mulher samaritana, dizendo que Sua água nunca acaba (Evangelho Segundo São João 4). Cristo convida os que têm fome, para que venham e se alimentem do pão da vida – alimento este que não cessa, não permitindo que alguém sofra de fome. Ele que convida o povo a se alimentar dele (Evangelho Segundo São João 6).
É a voz de Cristo que devemos ouvir. De sua fonte devemos beber, e de suas mãos devemos comer, virando as costas a todo aquele que pede algo mais de nós.
22 março 2007
O Senhor ouve o apelo dos pobres
Santo Agostinho (Bispo de Hipona)
E tu, quem és? És pobre? Muitos me dizem: sou pobre. E dizem a verdade. Conheço pobres de posses e pobres que nada têm. E há os que têm ouro e prata. Ah! se eles soubessem o quanto são pobres!
Ele o sente se olha o pobre que dele se aproxima. Por maior que seja a tua riqueza, tu, que és rico, não és senão um mendigo diante de Deus. Eis a hora da oração, é aí que te espero. Pedes. Acaso não és pobre, já que pedes? Acrescento: Pedes pão. Acaso não dizes: “O pão nosso de cada dia nos daí hoje?” Quem pede o pão de cada dia, o rico ou o pobre?
E, entretanto, Cristo não hesita em dizer-te: dá-me algo do que te dei. Que trouxeste ao vires para este mundo? Tudo o que aqui encontraste em teu nascimento, eu o criei. Nada trouxeste, nada levarás. Por que não me dás o que eu te dei, tu estás na abundância e o pobre, na miséria. Considerai, um e outro, a vossa origem comum: ambos nascestes igualmente nus. Tu, que tanto encontraste, o que deste?
Não peço senão o que me pertence. Dá e retribuirei. Fui o teu benfeitor, torna-me o teu devedor. Faze de ti o meu credor. Tu me dás pouco, eu te devolvo muito. O que me dás é terra, eu te restituo o céu, tu me dás o efêmero, eu te retribuo com o que dura eternamente. Eu te devolverei, enfim, a ti mesmo quando eu te devolver a mim.
E tu, quem és? És pobre? Muitos me dizem: sou pobre. E dizem a verdade. Conheço pobres de posses e pobres que nada têm. E há os que têm ouro e prata. Ah! se eles soubessem o quanto são pobres!
Ele o sente se olha o pobre que dele se aproxima. Por maior que seja a tua riqueza, tu, que és rico, não és senão um mendigo diante de Deus. Eis a hora da oração, é aí que te espero. Pedes. Acaso não és pobre, já que pedes? Acrescento: Pedes pão. Acaso não dizes: “O pão nosso de cada dia nos daí hoje?” Quem pede o pão de cada dia, o rico ou o pobre?
E, entretanto, Cristo não hesita em dizer-te: dá-me algo do que te dei. Que trouxeste ao vires para este mundo? Tudo o que aqui encontraste em teu nascimento, eu o criei. Nada trouxeste, nada levarás. Por que não me dás o que eu te dei, tu estás na abundância e o pobre, na miséria. Considerai, um e outro, a vossa origem comum: ambos nascestes igualmente nus. Tu, que tanto encontraste, o que deste?
Não peço senão o que me pertence. Dá e retribuirei. Fui o teu benfeitor, torna-me o teu devedor. Faze de ti o meu credor. Tu me dás pouco, eu te devolvo muito. O que me dás é terra, eu te restituo o céu, tu me dás o efêmero, eu te retribuo com o que dura eternamente. Eu te devolverei, enfim, a ti mesmo quando eu te devolver a mim.
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