Santo Agostinho (Bispo de Hipona)
E tu, quem és? És pobre? Muitos me dizem: sou pobre. E dizem a verdade. Conheço pobres de posses e pobres que nada têm. E há os que têm ouro e prata. Ah! se eles soubessem o quanto são pobres!
Ele o sente se olha o pobre que dele se aproxima. Por maior que seja a tua riqueza, tu, que és rico, não és senão um mendigo diante de Deus. Eis a hora da oração, é aí que te espero. Pedes. Acaso não és pobre, já que pedes? Acrescento: Pedes pão. Acaso não dizes: “O pão nosso de cada dia nos daí hoje?” Quem pede o pão de cada dia, o rico ou o pobre?
E, entretanto, Cristo não hesita em dizer-te: dá-me algo do que te dei. Que trouxeste ao vires para este mundo? Tudo o que aqui encontraste em teu nascimento, eu o criei. Nada trouxeste, nada levarás. Por que não me dás o que eu te dei, tu estás na abundância e o pobre, na miséria. Considerai, um e outro, a vossa origem comum: ambos nascestes igualmente nus. Tu, que tanto encontraste, o que deste?
Não peço senão o que me pertence. Dá e retribuirei. Fui o teu benfeitor, torna-me o teu devedor. Faze de ti o meu credor. Tu me dás pouco, eu te devolvo muito. O que me dás é terra, eu te restituo o céu, tu me dás o efêmero, eu te retribuo com o que dura eternamente. Eu te devolverei, enfim, a ti mesmo quando eu te devolver a mim.
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