14 junho 2007

O Cristianismo ligando os homens

João Crisóstomo (345-407 d.C.)

Há algo mais ridículo do que um cristão que não se preocupa com os outros? Não tome como pretexto a sua pobreza: a viúva que pôs duas pequenas moedas na arca do tesouro (Mc 12.42) se levantaria contra você; Pedro também, ele que dizia ao coxo: "Não tenho ouro nem prata" (At 3.6), e Paulo, tão pobre que tinha muitas vezes fome. Não use a sua condição social, pois os apóstolos também eram humildes e de baixa condição. Não invoque a tua ignorância, porque eles eram homens iletrados. Mesmo se você fosse escravo ou fugitivo, poderia sempre fazer o que dependesse de você. Assim era Onésimo que Paulo elogiou. A sua saúde é frágil? Timóteo também o era. Sim, seja o que for que sejamos, não importa quem pode ser útil ao seu próximo, se ele quer verdadeiramente fazer o que ele pode.
Vê quantas árvores da floresta são vigorosas, belas, esbeltas? E contudo, nos jardins, preferimos árvores de fruto ou oliveiras cobertas de frutos. Belas árvores estéreis..., assim são os homens que apenas consideram o seu próprio interesse...
Se o fermento não levedasse a massa, não seria um verdadeiro fermento. Se um perfume não perfumasse os que estão perto, poderíamos chamá-lo de perfume? Não diga portanto que é impossível ter uma boa influência sobre os outros, porque se é verdadeiramente cristão, é impossível que não se passe nada; isso faz parte da essência própria do cristão... Será tão contraditório dizer que um cristão não pode ser útil ao seu próximo como negar ao sol a possibilidade de iluminar e aquecer.