25 abril 2007

Os rumos da Igreja de Jesus

Joerley Cruz

A Igreja de Jesus tem sofrido alterações com a passagem dos séculos. No início da era cristã, tudo começou com a comunhão entre dois ou três, referida por Jesus: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (evangelho segundo são João 18,20).
A Igreja aumentou com a presença constante do Espírito Santo, trazendo vida e dons àqueles que a compunham. Não eram mais dois ou três, mas sim, três mil batizados (Atos dos apóstolos 2,41), e ainda o Senhor acrescentava-lhes, dia a dia, os que iam sendo salvos (Atos dos apóstolos 2,47).
Com a perseguição assumida oficialmente à Igreja cristã, os salvos foram dispersos. Cada um em uma cidade, cada qual em um lugar. A dispersão foi decretada. Os cristãos passam a viver em todos os lugares variados.
A Igreja voltou a crescer, porém, de forma expandida, e não de maneira local, chegando a ultrapassar os milhares, porém, dispersos. E isso garantiu com que o evangelho chegasse onde não existia. O tempo passou e a historia da Igreja foi se formando. A Igreja caminhou, e institucionalizou-se.
Hoje, podemos enxergar a Igreja de várias formas e estruturas. A variedade é tão grande que a identidade da mesma Igreja cristã segue por ameaça. Caminhamos ao lado de ortodoxos, liberais, fundamentalistas, neo-pentecostais, igrejas pseudo-cristãs, etc. A sombra de variação já foi invadida pelo sol.
Poderíamos pensar em milhares de Igrejas cristãs espalhadas, formadas por dois ou três. Incontáveis comunidades cristãs de dois ou três, que se reúnem em nome de Cristo.
Hoje, em uma cultura ocidental, um grupo de pessoas, seja religioso ou não, tem credibilidade na medida em que a quantidade de adeptos, membros, ou colaboradores, provoque surpresas diante de seu crescimento. Vivemos numa utopia de resultados. Os resultados são perseguidos, de forma que venha “comprovar” a eficácia. Sendo que é sempre importante lembrarmos que o reino de Deus, pregado por Jesus (um sistema de vida que mescla o domínio do Espírito, influenciando nosso espírito, com a convivência do mundo material e palpável) é o Espírito de Deus quem sopra, não creditando a uma eficácia humana.
Olhando para a realidade da vida da Igreja cristã, a ação humana é colocada em evidência, em destaque, de maneira preferencial. Os homens dão as rédeas nos lugares e nas comunidades onde pisam, onde se concentram. A Igreja cristã contemporânea divide-se entre as que aderiram a um secularismo, seja sutil, ou muitas vezes, assumido, onde seus líderes exalam seus sonhos pessoais, administrativos, corporativos, com técnicas de crescimento, métodos organizacionais e formação de liderança, cunhada em um antropocentrismo justificado na salvação que Cristo dá; co-existindo com aquelas que perseguem uma notoriedade por meio da mídia multifacetada, com um errôneo sentimento de reconhecimento e aceitação – essas prometem bênçãos divinas, agendando a visita de Deus em um determinado dia, onde Ele fará milagres, e proporcionará situações nunca antes vistas. São ainda essas que montam seu próprio império, à custa de expectadores de auditório, que mal sabem seus nomes, suas vidas, dilemas e angústias; existem as igrejas cristocêntricas, diferindo com as outras, uma vez que muitas colocam Cristo no centro de maneira, apenas, discursiva, no entanto, essas de fato, colocam e discursam a respeito de Cristo, nosso Senhor, estar no centro e ser o centro.
Essas últimas são as que sofrem, uma vez que não produzem um diferencial aos olhos desprovidos de fé. São essas comunidades-igrejas minoritárias, que os homens desacreditam, por não proporcionarem resultados que abalem uma sociedade acostumada em ser platéia, que aplaudem os talentosos, mas fogem daqueles que se importam tão somente com o Cristo, que se importam em negar suas vidas, desejos, sonhos, vontades, ambições infantis, em troca do supremo conhecimento de Cristo.
Os grandes auditórios estão cada vez mais lotados, pelo menos enquanto os interesses estiverem em primazia. Os dois ou três estão cada vez mais literais em seu número, porém, mais dispersos como a igreja primitiva, um dia, foi – prontos para receberem um dia, quem sabe, os feridos e pisados pela multidão. Mas hoje, os poucos dois ou três vivem no anonimato, seguindo e servindo a Jesus com simplicidade, porém, com profundidade que é imperceptível pelos notáveis, fazendo a obra de Jesus, que não é vão no Senhor.

Em nome da igreja de Cristo Jesus dos dois ou três...

Em Cristo †

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