01 maio 2009

Carregai os pesos uns dos outros

Milton Schwantes

Aconteceu no caminho da padaria. Quase cada dia passo por aí. Um pãozinho recém saído do fomo é uma delícia. Pois, neste caminho para esta delícia do pão saído do fomo tive como que uma visão. Sim, deixe-me falar em visão. Há quem tenha o dom de ver coisas sensacionais. Tudo bem! Mas, há os outros tantos que vêem como eu: coisas simples sensações, visão. Pois, vi!
Na calçada, um caminhão era descarregado. Alguns sacos - talvez de farinha - eram levados para dentro da padaria. Eram pesados. Os rostos dos dois carregadores o deixavam perceber. O peso lhes dava trabalho. Num relance vi que um dos dois era deficiente físico. Faltava-lhe um dos braços. O rapaz era forte, mas de seu braço direito pouco se via.
Vi que tinha dificuldade de equilibrar aqueles sacos pesados. A cada momento ajeitava seu corpo para manter o equilíbrio.
Daí, passei a reparar em seu colega de trabalho. Mantinha-se atrás. Nunca se afastava muito. Um de seus braços se mantinha livre. Dedicado e delicadamente estava direcionado ao que faltava o braço. Ficava como que pronto para apoiar aquele seu colega.
Vi mais, seu braço dava a mão ao que faltava o braço, ajudando-lhe a jogar a sacaria no ombro. Para bem percebê-lo tive que parar. Ficar de olho. Fixar os detalhes. Certamente até fiquei boquiaberto por instantes. Visão extasia! Que coleguismo! Que interação! Que apoio encantador! Dois homens acostumados ao duro trabalho. À lida de luta! Na garra da sobrevivência! E na prática do evangelho. Sim, vi o evangelho, ali diante de mim. Deus me mostrava sinais de seus caminhos entre nós.
Obrigada, meu Deus por meus irmãos e irmãs que me ajudam a carregar meus fardos. Abençoa-me meu Deus-amigo, para que eu possa apoiar outros/as em momentos de dores, de sofrimento e de peso. No nome de Jesus,
Amém!