09 abril 2007

O Evangelho da Graça de Cristo - O Evangelho de Cristo: de graça

Joerley Cruz

“Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.” (Isaías 55,1)

É o próprio Deus, por intermédio de seu profeta Isaías, que convida os sedentos para mergulharem nas águas abundantes, onde se encontra sua graça salvífica. O convite é também para os famintos, os que estão vazios, sem esperança, não importando seu dinheiro.
A sede espiritual não pode ser comprada com dinheiro. A salvação não pode ser vendida. Não há dinheiro, não há esforço em troca de salvação, não há mérito em nenhum de nós, que justifique a inexplicável graça de Deus. Como escreveu Paulo em sua carta aos Efésios (2,8), o dinheiro está nas mãos de Deus, a vontade está nas mãos de Deus, o amor sobre-humano, que constrange, está em Deus.
A comunhão com Deus se dá em um ambiente simples, sem apetrechos, sem obrigações que geram condições. A comunhão com Deus independe da falsa intimidade de homens ou mulheres que tentam ser um canal da graça de Deus para que outros “vejam” Deus.
Cristo é nosso acesso. Experimentamos e testificamos da graça de Deus quando amamos e guardamos as palavras de Cristo. Uma atitude de entrega incondicional a Jesus, nos indica a suficiência de Jesus. Não é dinheiro, não são esforços. Não é condição social ou financeira, mas são corações fiéis num Deus suficiente, que não tem sua face impressa em nenhuma moeda.
Deus não recebe nada de nossas mãos. Nós oferecemos a Deus nosso amor, nossa devoção, nosso coração grato, com espírito de adoração e gratidão.
Dirigimo-nos a Deus agradecidos por sua graça, constrangidos por seu amor. Buscamos a Deus para adorá-lo na beleza de sua majestade.
Buscamos a Deus para contemplá-lo, numa ação de gratidão infinita. Depositamos nossa vida em seus pés, e exclamamos que não temos para onde ir.
Deus está perto porque Cristo aproximou-se e habitou no meio de nós (Evangelho Segundo São João 2,14). Deus está perto porque Jesus nos deixou o Consolador. O Espírito de Deus que nos acompanha está dentro de nós, nos auxiliando em tudo (Evangelho Segundo São João 14,16-31).
É completamente insano o quadro que enxergamos em nossos dias. Os homens se tornaram deuses, e Deus está longe dos homens. Os homens estão distanciando os homens de Deus. Os homens têm tornado a graça ingrata. Muitos tomam uma posição “profética” duvidosa, assumindo em suas palavras, a Palavra de Deus.
O Evangelho da Graça de Cristo está imensuravelmente distante dos templos, pois os templos são demasiadamente pequenos para comportar a imensa e, muitas vezes, desconhecida graça de Jesus. Está distante dos canais televisivos, uma vez que Jesus não veio formar auditórios, e nem consumidores do evangelho. Está distante das palavras sábias de alguns pretensos gurus, que se autodenominam “representantes” do povo de Deus.
Deus está presente nas narrativas dos evangelhos. Ele tem sido representado por pessoas anônimas, desconhecidas, pobres de espírito, mas com fome e sede de justiça. O nosso Deus, Cristo Jesus, é alguém desprovido dessa igreja institucionalizada. Cristo não participa dos dogmas humanos, onde “faça o que digo, mas não faça o que faço”. Jesus não está preso às formalidades, às decisões tão somente humanas, que subestimam a autoridade de Sua revelação, contida nas Sagradas Escrituras – que Inclusive, são pouco consultadas.
A impressão que se dá é que Deus está em um lugar, onde muitos não se aproximam. Ele chama: “vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei” – a água que Cristo dá não permite a seca. Nunca teremos sede na fonte que é Jesus. A sede se dá porque não há onde beber, e os famintos não possuem bens suficientes para comprar o pão custoso dos tiranos que comercializam Deus. Por isso, temos visto e ouvido poços secos, sepulcros caiados, lugares e pessoas inexpressivas, cheias de razão, maneirismos, modernas facilidades, conhecimento que provoca coceiras nos ouvidos, autoridade desautorizada, mas que não possuem humildade e contrição. O Senhor nos chama para perto dele, distante dos falsários. Ele nos convida para irmos à fonte, onde há água pura e límpida, que jorra salvação, e que de tal fonte, ninguém é dono. Ele nos distancia das águas sujas e do pão embolorado.
Deus nos convida à sua presença. Ele nos convida a estarmos em um ambiente de paz, sem sacrifícios, sem barganhas, sem troca de favores, mas sim, um ambiente de graça e de reconhecimento do amor de Cristo, nosso Salvador e Senhor.
Jesus, o Cristo, o Senhor da vida, convida aqueles que estão sedentos, da mesma forma que ele oferece água à mulher samaritana, dizendo que Sua água nunca acaba (Evangelho Segundo São João 4). Cristo convida os que têm fome, para que venham e se alimentem do pão da vida – alimento este que não cessa, não permitindo que alguém sofra de fome. Ele que convida o povo a se alimentar dele (Evangelho Segundo São João 6).
É a voz de Cristo que devemos ouvir. De sua fonte devemos beber, e de suas mãos devemos comer, virando as costas a todo aquele que pede algo mais de nós.

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