A mudança de um ano para outro provoca, em um modo geral, lembranças, saudades, arrependimentos, e muitas perspectivas acompanhadas de expectativas.
A importância e o valor que a vida possui, faz avaliar o passado. Promove um olhar para o futuro, mas com o desejo de obter algumas garantias. Isso explica o misticismo na busca de vidência para a evidência.
O homem tem a capacidade de sentar, olhar para o nada, além do horizonte, e trazer a mente todos os acontecimentos ocorridos. Os sentimentos são de alegria em meios às situações boas. Surge a percepção da maturidade pelos contratempos que foram amargos na boca, mas que nas próximas vezes a receita será mais bem entendida.
A beleza e o valor da vida estão nos sorrisos, nas lágrimas, na constituição da nossa história. É a história que escrevemos, e que Deus nos ajuda a construí-la e corrigi-la.
Para aqueles que se entregam a Deus, no desejo de fazer o bem, cada minuto é precioso. Nada é em vão. Nada se desperdiça. Cada ano da nossa vida é um capítulo que estamos escrevendo.
Não é possível alterar o que já foi escrito. Não é possível começar outro capítulo, sem antes, terminar o que já se iniciou, e que ainda não terminara.
A beleza e o valor da vida é que Deus nos dá a chance de nos transformarmos a cada ano – cada capítulo. São histórias novas. São histórias melhores. Algumas emocionantes, outras mais arriscadas, mas todas elas irão caracterizar quem somos individualmente.
Deus é maravilhoso! Ele consegue ler cada uma das histórias, ajudando nos detalhes, sem confundir um com o outro. São histórias diferentes que acontecem ao mesmo tempo, com significados diferentes, mas significativos para Deus.
O passo para a maturidade é dado no momento em que abrimos um novo capítulo em nossa história (um novo ano). Isso não acontece porque será melhor, mas porque sabemos o que já vivemos.
Olhando para trás, se aprende muito – Deus, na Bíblia, sempre convida seu povo a olhar para o passado.
A cada novo capítulo é permitido que haja desfechos a respeito do que foi aberto no anterior. Traz-se a glória de algo que se iniciou, mas ainda não se concluiu.
Deus não nos recebe para que apresentemos nossos planos a Ele. Pois para Deus nossa história é sempre progressiva – Ele pressupõe que haja planos em nossas agendas. Deus apenas nos quer felizes. Isso importa.
O desejado é que a cada capítulo, nossa consciência esteja mais próxima de que somos imagem e semelhança de Deus.
A mensagem é: “Feliz amadurecimento”; “Que encontremos mais da imagem e semelhança de Deus em nós”; “Que Cristo seja o Senhor libertador da nossa vida”; “Que a alegria de viver nos seja o bastante, o suficiente”
Assim se dá a prece de 2009.
Um espaço voltado ao pensamento e definições que conduzem à um estilo de vida que segue o Cristo, o Jesus de Nazaré que é Senhor da vida, e em quem reside toda a verdade, o caminho que leva a Deus, e a vida, que é vivida em totalidade por motivo da existência do Filho de Deus, com quem caminhamos, pela fé que nos envolve.
30 dezembro 2008
06 dezembro 2008
Igreja de Cristo – acolhe, convive, e abençoa
Pensar na igreja, na maioria das opiniões, é ter o conceito de um grupo que tem o crescimento como objetivo, e como forma única de agradar a Deus. Com tal pensamento, a evangelização se concentra na igreja local, na promoção do crescimento da igreja, sem muitas vezes pensar no extenso e invisível reino de Deus. É “crescer” transformando a vida de pessoas que adoram e que buscam ter intimidade com Deus. Inevitavelmente, tal desejo conduz ao estado de aglomeração. Deste ponto nascem as sugestões de modelos, na tentativa de sistematizar tal crescimento.
Por que não pensar na igreja como aquela que acolhe as pessoas, convive com elas, e as abençoa diante de sua própria vida e trajetória, sem promessas e vislumbres?
É perfeitamente possível compreender a igreja como aquela que acolhe – que abre as portas para todos que vêem de qualquer lugar, estejam em qualquer situação que estiverem. Também é possível compreender a igreja como aquela que convive – uma vez recebidos os muitos, o convívio é incondicional, a partir da ética e ensinamentos bíblicos, baseados em Jesus. E por último, é possível perceber a igreja como aquela que abençoa – abençoar não é reter. Abençoar é libertar, é ensinar todas as coisas que Jesus ensinou, dando condições para o acolhido, com quem convivemos, prosseguir. Jesus não reteve ninguém. Todos a quem abençoou, primeiramente acolheu, conviveu, e ordenou que fossem, que contassem, que testemunhassem. Essa é a igreja de Cristo. A igreja de Jesus lança a semente e continua. Ela não é latifundiária, não é fazendária, não constrói cercas ao seu redor, delimitando a semeadura e a colheita. Mas deixa crescer onde estiver – como dizia o poeta: sem lenço e sem documento. Creio ser duro esse discurso. Mas quem tem esta palavra é Jesus. É Ele o Santo de Deus. É Ele quem nos liberta dentro do seu aprisco, aprisco imensurável.
Por que não pensar na igreja como aquela que acolhe as pessoas, convive com elas, e as abençoa diante de sua própria vida e trajetória, sem promessas e vislumbres?
É perfeitamente possível compreender a igreja como aquela que acolhe – que abre as portas para todos que vêem de qualquer lugar, estejam em qualquer situação que estiverem. Também é possível compreender a igreja como aquela que convive – uma vez recebidos os muitos, o convívio é incondicional, a partir da ética e ensinamentos bíblicos, baseados em Jesus. E por último, é possível perceber a igreja como aquela que abençoa – abençoar não é reter. Abençoar é libertar, é ensinar todas as coisas que Jesus ensinou, dando condições para o acolhido, com quem convivemos, prosseguir. Jesus não reteve ninguém. Todos a quem abençoou, primeiramente acolheu, conviveu, e ordenou que fossem, que contassem, que testemunhassem. Essa é a igreja de Cristo. A igreja de Jesus lança a semente e continua. Ela não é latifundiária, não é fazendária, não constrói cercas ao seu redor, delimitando a semeadura e a colheita. Mas deixa crescer onde estiver – como dizia o poeta: sem lenço e sem documento. Creio ser duro esse discurso. Mas quem tem esta palavra é Jesus. É Ele o Santo de Deus. É Ele quem nos liberta dentro do seu aprisco, aprisco imensurável.
23 novembro 2008
O Senhor é o meu pastor e nada me faltará
Nos escreve o salmista... "O Senhor é o meu pastor e nada me faltará..."
O pastor não é visto, neste momento, como o Deus de braço forte, que luta em favor de seu povo Israel, livrando-os do Egito, mas é o Deus-Pastor. O Deus-Pastor é delicado, é poético. O Deus-Pastor agora é "meu", não somente "nosso". O Deus-Pastor expressa paternidade, afeto, colo, e segurança.
De maneira simples, isso significa que vivo nos pastos que Ele controla. A liberdade está no pasto.
Dentro do pasto "nada me faltará". O pasto é o lugar da suficiência, da satisfação. A vida fora do pasto do Pastor faz duvidar que tenho o que preciso. A provisão no pasto do Senhor se relaciona com as necessidades no pasto do Pastor. Fora do pasto do Pastor as necessidades são maiores.
O Senhor é o meu pastor e nada me faltará, dentro do pasto do Pastor. Em outros pastos tudo falta porque criamos as necessidades. No pasto do Senhor, as águas tranquilas e os pastos verdejantes enchem os olhos. Em outros pastos é necessário que haja mais. Nos pastos do Senhor, as águas tranquilas e os pastos verdejantes são amplamente sustentáveis. Em outros pastos há medo em faltar, então a oração do salmo é feita com insistência. A oração do salmo nos pastos do Pastor é de concordância, há conscientização de que não existem outros pastos iguais. Em outros pastos as necessidades são inventadas, são ampliadas, resultando no medo de faltar.
Há um paralelo do salmo 23 com a parábola do filho pródigo (Lc 15,11-32). O filho pede a herança ao seu pai e migra para outros apriscos. O dinheiro acaba, ele se vê em situação de necessidade onde tudo lhe falta. O filho volta para o aprisco do pai. Lá há liberdade porque nada lhe falta. É o paradoxo: fora de casa (aprisco) a liberdade aparenta ser real diante das oportunidades, mas é dentro do aprisco do pai (Senhor) é que se vê livre diante das necessidades supridas, diante da familiaridade do aprisco.
A ilusão mora nos apriscos onde Deus não está. Na realidade do aprisco de Deus reside a certeza da provisão. O reino de Deus é o aprisco. No reino de Deus o pastor se compromete em não haver ausência. Fora do reino de Deus há uma sensação de vazio. Tudo é necessário. Não é fácil se contentar.
Somos convidados a andarmos nos pastos onde o Pastor está. Nos pastos do Senhor Ele é o Pastor - nos pastos dEle não há escassez, há uma certeza de saciedade. Os valores são reais, pois encontram a verdade.
Quando compreendemos e vivemos a certeza que o Senhor é o nosso pastor e nada nos faltará, é porque encontramos o que nos preenche, e não nos damos conta de como é estar sem pastor, sem águas, e sem pastos.
O pastor não é visto, neste momento, como o Deus de braço forte, que luta em favor de seu povo Israel, livrando-os do Egito, mas é o Deus-Pastor. O Deus-Pastor é delicado, é poético. O Deus-Pastor agora é "meu", não somente "nosso". O Deus-Pastor expressa paternidade, afeto, colo, e segurança.
De maneira simples, isso significa que vivo nos pastos que Ele controla. A liberdade está no pasto.
Dentro do pasto "nada me faltará". O pasto é o lugar da suficiência, da satisfação. A vida fora do pasto do Pastor faz duvidar que tenho o que preciso. A provisão no pasto do Senhor se relaciona com as necessidades no pasto do Pastor. Fora do pasto do Pastor as necessidades são maiores.
O Senhor é o meu pastor e nada me faltará, dentro do pasto do Pastor. Em outros pastos tudo falta porque criamos as necessidades. No pasto do Senhor, as águas tranquilas e os pastos verdejantes enchem os olhos. Em outros pastos é necessário que haja mais. Nos pastos do Senhor, as águas tranquilas e os pastos verdejantes são amplamente sustentáveis. Em outros pastos há medo em faltar, então a oração do salmo é feita com insistência. A oração do salmo nos pastos do Pastor é de concordância, há conscientização de que não existem outros pastos iguais. Em outros pastos as necessidades são inventadas, são ampliadas, resultando no medo de faltar.
Há um paralelo do salmo 23 com a parábola do filho pródigo (Lc 15,11-32). O filho pede a herança ao seu pai e migra para outros apriscos. O dinheiro acaba, ele se vê em situação de necessidade onde tudo lhe falta. O filho volta para o aprisco do pai. Lá há liberdade porque nada lhe falta. É o paradoxo: fora de casa (aprisco) a liberdade aparenta ser real diante das oportunidades, mas é dentro do aprisco do pai (Senhor) é que se vê livre diante das necessidades supridas, diante da familiaridade do aprisco.
A ilusão mora nos apriscos onde Deus não está. Na realidade do aprisco de Deus reside a certeza da provisão. O reino de Deus é o aprisco. No reino de Deus o pastor se compromete em não haver ausência. Fora do reino de Deus há uma sensação de vazio. Tudo é necessário. Não é fácil se contentar.
Somos convidados a andarmos nos pastos onde o Pastor está. Nos pastos do Senhor Ele é o Pastor - nos pastos dEle não há escassez, há uma certeza de saciedade. Os valores são reais, pois encontram a verdade.
Quando compreendemos e vivemos a certeza que o Senhor é o nosso pastor e nada nos faltará, é porque encontramos o que nos preenche, e não nos damos conta de como é estar sem pastor, sem águas, e sem pastos.
29 setembro 2008
Comunhão, liberdade, e partilha
A mesa é o lugar da comunhão. Na mesa há reunião e há também o olhar nos olhos. O olhar se unifica, pois a mesa é uma só. Todos estão no mesmo nível, na mesma dimensão de espaço, tornando comum seu ato e sua intenção. Deixam de fora as diferenças e desavenças, e metem a mão no mesmo prato (Mt 26,23).
A mesa é o lugar de revelação. Todos se conhecem na mesa, ou passam a se conhecer. Jesus, na mesa, em sua ultima mesa da páscoa, se revela a respeito de quem ele é. Ele revela ser ele o cordeiro pascal. Ele revela a vida. ele revela a esperança, e até mesmo faz-se revelar seu traidor.
Na mesa da Ceia do Senhor, a mesa eucarística, mescla-se a comunhão com a liberdade. Na mesa estão dispostos a comunhão com Cristo e a liberdade em Cristo.
Jesus sobe à Jerusalém com seus discípulos para celebrar a páscoa referente à libertação do povo no Egito.
A relação do cordeiro na mesa pascal (Êx 12) traça um paralelo com a nova mesa pascal no cenáculo, no segundo testamento (Mt 26,26-29).
Dá-se a relação da libertação no Egito com a libertação em Cristo. O cordeiro, que é Cristo, se coloca sobre a mesa, repartido, na apresentação de seu corpo e sangue derramado.
A libertação se faz. No passado o povo saiu do Egito; em Cristo, o cordeiro definitivo, consuma-se a total libertação. Não há cativeiro. Não há domínio nas mãos do Faraó, nas mãos dos babilônios, nas mãos dos romanos; mas há nas mãos estendidas do cordeiro onde se encontra a liberdade.
A mesa é a lembrança e valorização da liberdade. Na ceia do Senhor se comemora, primeiramente, a libertação atingida. O povo hebreu, no Egito, senta-se nas mesas em família, antevendo a liberdade que os alcançara. Hoje, em Cristo, nos encontramos na mesa livres do pecado que nos dominara.
Mas na mesa do Senhor não somente há comunhão com os libertos, ou uma compreensão progressiva da liberdade, mas há também a prática da partilha.
Cristo institui a ceia reconfigurando uma nova libertação. No entanto, seu corpo repartido em sacrifício é dividido entre os homens. Não há mesa sem comunhão. Não há mesa sem a presença convicta da liberdade. Não há mesa sem o sentimento de partilha. Somos livres porque Cristo nos alcançou para uma comunhão verdadeira. Somos livres porque a libertação em Cristo nos oferece esperança - o Messias. Somos livres porque repartimos o que é nosso, não mais sendo escravos de nós mesmos e nem daquilo que nos pertence.
A liberdade expressa despojamento. Na liberdade reside o ato de repartir. Cristo nos liberta repartindo-se para nós. Na comunhão e na liberdade repartimos. Na comunhão, na liberdade, na partilha, nos reunimos à mesa e celebramos nossa ceia pascal, onde o cordeiro que foi morto nos libertou e nos transportou da morte para a vida.
Na mesa onde há comunhão, liberdade, e partilha, há esperança. Na ceia do Senhor revivemos a esperança. É a esperança definitiva que nos envolve e que se transforma em regozijo pelo o que há de vir.
A mesa é o lugar de revelação. Todos se conhecem na mesa, ou passam a se conhecer. Jesus, na mesa, em sua ultima mesa da páscoa, se revela a respeito de quem ele é. Ele revela ser ele o cordeiro pascal. Ele revela a vida. ele revela a esperança, e até mesmo faz-se revelar seu traidor.
Na mesa da Ceia do Senhor, a mesa eucarística, mescla-se a comunhão com a liberdade. Na mesa estão dispostos a comunhão com Cristo e a liberdade em Cristo.
Jesus sobe à Jerusalém com seus discípulos para celebrar a páscoa referente à libertação do povo no Egito.
A relação do cordeiro na mesa pascal (Êx 12) traça um paralelo com a nova mesa pascal no cenáculo, no segundo testamento (Mt 26,26-29).
Dá-se a relação da libertação no Egito com a libertação em Cristo. O cordeiro, que é Cristo, se coloca sobre a mesa, repartido, na apresentação de seu corpo e sangue derramado.
A libertação se faz. No passado o povo saiu do Egito; em Cristo, o cordeiro definitivo, consuma-se a total libertação. Não há cativeiro. Não há domínio nas mãos do Faraó, nas mãos dos babilônios, nas mãos dos romanos; mas há nas mãos estendidas do cordeiro onde se encontra a liberdade.
A mesa é a lembrança e valorização da liberdade. Na ceia do Senhor se comemora, primeiramente, a libertação atingida. O povo hebreu, no Egito, senta-se nas mesas em família, antevendo a liberdade que os alcançara. Hoje, em Cristo, nos encontramos na mesa livres do pecado que nos dominara.
Mas na mesa do Senhor não somente há comunhão com os libertos, ou uma compreensão progressiva da liberdade, mas há também a prática da partilha.
Cristo institui a ceia reconfigurando uma nova libertação. No entanto, seu corpo repartido em sacrifício é dividido entre os homens. Não há mesa sem comunhão. Não há mesa sem a presença convicta da liberdade. Não há mesa sem o sentimento de partilha. Somos livres porque Cristo nos alcançou para uma comunhão verdadeira. Somos livres porque a libertação em Cristo nos oferece esperança - o Messias. Somos livres porque repartimos o que é nosso, não mais sendo escravos de nós mesmos e nem daquilo que nos pertence.
A liberdade expressa despojamento. Na liberdade reside o ato de repartir. Cristo nos liberta repartindo-se para nós. Na comunhão e na liberdade repartimos. Na comunhão, na liberdade, na partilha, nos reunimos à mesa e celebramos nossa ceia pascal, onde o cordeiro que foi morto nos libertou e nos transportou da morte para a vida.
Na mesa onde há comunhão, liberdade, e partilha, há esperança. Na ceia do Senhor revivemos a esperança. É a esperança definitiva que nos envolve e que se transforma em regozijo pelo o que há de vir.
11 setembro 2008
Deus veio para nós
“[ ]... a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus está conosco.” (Mt 1,23).
Quando pensamos ou dizemos que Deus está conosco, geralmente associamos a presença espiritual de Deus.
O evento mais maravilhoso na história é a humanização de Deus. Para um Deus vestir a pele de um ser humano, vivenciando as experiências, muitas vezes agradáveis, muitas vezes sem sabor, é necessário que não somente haja poder – uma vez que um (d)eus que somente anda no campo impalpável, não se faz conhecido, portanto, vive às margens do risco de não ser acreditado – mas haja também muito interesse pelo ser com o qual se iguala.
Jesus Cristo é o símbolo de Deus na dimensão limitada do ser humano. Em Cristo somos apresentados a um Deus que experimenta as sensações e sentimentos que nós experimentamos. Em Jesus, Deus empoeira os pés, agoniza diante da dor, alegra-se diante das expressões que são bem nossas, ama o nosso amor, indigna-se a nossa indignidade, descobre o que verdadeiramente somos.
Deus veio para nós, e em nós, nunca mais se ausentou.
Quando pensamos ou dizemos que Deus está conosco, geralmente associamos a presença espiritual de Deus.
O evento mais maravilhoso na história é a humanização de Deus. Para um Deus vestir a pele de um ser humano, vivenciando as experiências, muitas vezes agradáveis, muitas vezes sem sabor, é necessário que não somente haja poder – uma vez que um (d)eus que somente anda no campo impalpável, não se faz conhecido, portanto, vive às margens do risco de não ser acreditado – mas haja também muito interesse pelo ser com o qual se iguala.
Jesus Cristo é o símbolo de Deus na dimensão limitada do ser humano. Em Cristo somos apresentados a um Deus que experimenta as sensações e sentimentos que nós experimentamos. Em Jesus, Deus empoeira os pés, agoniza diante da dor, alegra-se diante das expressões que são bem nossas, ama o nosso amor, indigna-se a nossa indignidade, descobre o que verdadeiramente somos.
Deus veio para nós, e em nós, nunca mais se ausentou.
06 setembro 2008
Símbolos de Deus
O Deus de Israel é simbólico. É simbólico porque o simbolismo é a linguagem que o faz se aproximar dos homens. Há em suas palavras e intenções simbolismos que traduzem seu real desejo em se comunicar com o homem.
Em toda historia bíblica encontramos a ação de Deus por meio de simbolismos. Da criação até a pessoa de Jesus, tudo caminhou de forma que Deus pudesse ser compreendido. Em Cristo, o simbolismo de Deus atingiu seu auge. As pessoas encontram Deus em Jesus, e o próprio Jesus se tornou sacrifício expiatório em favor dos homens, simbolizando o instrumental de Deus na absolvição do pecado dos homens – não há perdão de pecados sem sacrifício, portanto, o sacrifício simboliza o perdão de Deus.
Nasce o tabernáculo. Deus desejou que houvesse um lugar onde Ele habitasse. Não era fixo, até porque Deus não se prende em nenhum lugar. O símbolo do tabernáculo não está no endereçamento de Deus, mas na representação de Sua presença. Dentro do tabernáculo, Deus inclui objetos e expressões cerimoniais que simbolizam a Sua presença.
O rei Davi deseja construir um templo. O rei acredita que Deus, realmente, merece um lugar. No entanto, ele é impedido, uma vez que o templo é construído por seu filho Salomão. Daí em diante as experiências vividas no templo não foram das melhores. O templo se tornou um lugar de fonte de interesses humanos, alimentou os interesses dos homens, e Deus foi esquecido.
Nasce no coração dos homens o desejo de que Deus habite, que Ele esteja em algum lugar onde se possa vê-lo, na tentação terrível até, para alguns, de controlá-lo – afinal, se Deus está no templo, é lá que nos encontramos com Ele.
Nasce no coração de Deus o desejo de que os homens sejam habitados. Jesus destitui o templo. Em Marcos 11,15-18 o Senhor informa que Deus não está no templo, ainda que Deus atendesse as orações, sendo essas invocadas e dedicadas no templo, mas o templo perdeu o seu brilho, a luz se apagou, e as cortinas se fecharam. Este símbolo não foi vitalício.
Deus sempre desejou habitar. Cristo acampa entre nós. Monta uma barraca em nosso meio, ao lado de nossas barracas – é o Deus conosco. Porém, Ele não foi recebido. Por alguns, ele foi negado; outros o confundiram com profetas; outros encontraram nele possibilidades de favor; mas, na verdade, era Deus querendo estar junto, ao lado de nós.
Deus insistiu. Mandou-nos seu Espírito, e Este habitou em nós fazendo de nós Sua morada. Não há mais templo. Não há mais endereço. Deus nos ocupou e assentou em nós. Nos tornamos teto para Deus.
A igreja existe, mas existe em nós e não fora de nós. Não há como controlá-la, manipulá-la, alterá-la, adulterá-la, até porque se assim acontecer, seremos atingidos. Muitos são os que tentam assinar seus nomes na igreja de Jesus, mas fracassam e levam muitos ao erro. A igreja de Jesus independe das nossas regras, comportamentos, estratégias, e tomadas de decisões. Ela está tão acima de tudo isso que muitas vezes nem é notada. É possível fazer-se tudo, sem confirmar a natureza da igreja. Constroem-se templos suntuosos, edificam prédios belíssimos, criam ministérios dos mais criativos, mas por fim, voltam ao sentimento do templo, que não é mais um símbolo para Deus.
O templo não existe mais, graças a Deus, pois servia como meio de usurpação. A igreja não existe nos moldes dos templos, uma vez que é tentada a repetir atos de usurpação, escravizando pessoas por meio de visões humanas (alucinações espirituais). O que existe é a igreja em nós. Somos chamados à uma singela reunião. A reunião é o símbolo de Deus, pois conhecemos a Deus na reunião de suas três pessoas (Pai-Filho-Espírito Santo).
A igreja é o momento da reunião promovida. A reunião é o meio pelo qual a comunidade se compreende, se comunica, confirma sua real natureza, e cresce.
A natureza ativa da verdadeira igreja é o mutirão. Ninguém age sozinho em prol de um determinado interesse, do qual a comunidade não participa. Tudo é feito no coletivo, onde todos cooperam em prol de tudo. Não há partidarismo, não há destaques em grupos distintos, mas há uma cooperação no objetivo de união.
Há na igreja de Jesus uma sinergia (convergência das partes de um todo que concorrem para um mesmo resultado). Não é necessário nos desgastarmos com os multi-ministérios, onde existe uma intensa concentração que excede aos princípios básicos da reunião, e que é tendenciosa e sem sustentação bíblica em tornar o ambiente eclesiástico em um ambiente escravagista. Todas as pessoas trabalhando muito por algo, dedicando todo seu tempo e forças, na tentativa de comunicar que é essa a obra do Senhor.
No nosso século, onde a escravidão e o trabalho forçado foram oficialmente abolidos, as pessoas, fora e dentro do contexto eclesiástico, buscam serem ouvidas, incluídas, de maneira que alguém se importe com elas.
A inclusão do outro no meio de todos, onde nos dedicamos às palavras, aos gestos, aos sentimentos, à reflexão, à afetividade, ao amor.
O templo foi derrubado. A igreja não existe sem uma consciência clara de sua natureza, e por fim, somos igreja sem estarmos em lugar algum.
O símbolo de Deus é a reunião dos homens em amor.
Em toda historia bíblica encontramos a ação de Deus por meio de simbolismos. Da criação até a pessoa de Jesus, tudo caminhou de forma que Deus pudesse ser compreendido. Em Cristo, o simbolismo de Deus atingiu seu auge. As pessoas encontram Deus em Jesus, e o próprio Jesus se tornou sacrifício expiatório em favor dos homens, simbolizando o instrumental de Deus na absolvição do pecado dos homens – não há perdão de pecados sem sacrifício, portanto, o sacrifício simboliza o perdão de Deus.
Nasce o tabernáculo. Deus desejou que houvesse um lugar onde Ele habitasse. Não era fixo, até porque Deus não se prende em nenhum lugar. O símbolo do tabernáculo não está no endereçamento de Deus, mas na representação de Sua presença. Dentro do tabernáculo, Deus inclui objetos e expressões cerimoniais que simbolizam a Sua presença.
O rei Davi deseja construir um templo. O rei acredita que Deus, realmente, merece um lugar. No entanto, ele é impedido, uma vez que o templo é construído por seu filho Salomão. Daí em diante as experiências vividas no templo não foram das melhores. O templo se tornou um lugar de fonte de interesses humanos, alimentou os interesses dos homens, e Deus foi esquecido.
Nasce no coração dos homens o desejo de que Deus habite, que Ele esteja em algum lugar onde se possa vê-lo, na tentação terrível até, para alguns, de controlá-lo – afinal, se Deus está no templo, é lá que nos encontramos com Ele.
Nasce no coração de Deus o desejo de que os homens sejam habitados. Jesus destitui o templo. Em Marcos 11,15-18 o Senhor informa que Deus não está no templo, ainda que Deus atendesse as orações, sendo essas invocadas e dedicadas no templo, mas o templo perdeu o seu brilho, a luz se apagou, e as cortinas se fecharam. Este símbolo não foi vitalício.
Deus sempre desejou habitar. Cristo acampa entre nós. Monta uma barraca em nosso meio, ao lado de nossas barracas – é o Deus conosco. Porém, Ele não foi recebido. Por alguns, ele foi negado; outros o confundiram com profetas; outros encontraram nele possibilidades de favor; mas, na verdade, era Deus querendo estar junto, ao lado de nós.
Deus insistiu. Mandou-nos seu Espírito, e Este habitou em nós fazendo de nós Sua morada. Não há mais templo. Não há mais endereço. Deus nos ocupou e assentou em nós. Nos tornamos teto para Deus.
A igreja existe, mas existe em nós e não fora de nós. Não há como controlá-la, manipulá-la, alterá-la, adulterá-la, até porque se assim acontecer, seremos atingidos. Muitos são os que tentam assinar seus nomes na igreja de Jesus, mas fracassam e levam muitos ao erro. A igreja de Jesus independe das nossas regras, comportamentos, estratégias, e tomadas de decisões. Ela está tão acima de tudo isso que muitas vezes nem é notada. É possível fazer-se tudo, sem confirmar a natureza da igreja. Constroem-se templos suntuosos, edificam prédios belíssimos, criam ministérios dos mais criativos, mas por fim, voltam ao sentimento do templo, que não é mais um símbolo para Deus.
O templo não existe mais, graças a Deus, pois servia como meio de usurpação. A igreja não existe nos moldes dos templos, uma vez que é tentada a repetir atos de usurpação, escravizando pessoas por meio de visões humanas (alucinações espirituais). O que existe é a igreja em nós. Somos chamados à uma singela reunião. A reunião é o símbolo de Deus, pois conhecemos a Deus na reunião de suas três pessoas (Pai-Filho-Espírito Santo).
A igreja é o momento da reunião promovida. A reunião é o meio pelo qual a comunidade se compreende, se comunica, confirma sua real natureza, e cresce.
A natureza ativa da verdadeira igreja é o mutirão. Ninguém age sozinho em prol de um determinado interesse, do qual a comunidade não participa. Tudo é feito no coletivo, onde todos cooperam em prol de tudo. Não há partidarismo, não há destaques em grupos distintos, mas há uma cooperação no objetivo de união.
Há na igreja de Jesus uma sinergia (convergência das partes de um todo que concorrem para um mesmo resultado). Não é necessário nos desgastarmos com os multi-ministérios, onde existe uma intensa concentração que excede aos princípios básicos da reunião, e que é tendenciosa e sem sustentação bíblica em tornar o ambiente eclesiástico em um ambiente escravagista. Todas as pessoas trabalhando muito por algo, dedicando todo seu tempo e forças, na tentativa de comunicar que é essa a obra do Senhor.
No nosso século, onde a escravidão e o trabalho forçado foram oficialmente abolidos, as pessoas, fora e dentro do contexto eclesiástico, buscam serem ouvidas, incluídas, de maneira que alguém se importe com elas.
A inclusão do outro no meio de todos, onde nos dedicamos às palavras, aos gestos, aos sentimentos, à reflexão, à afetividade, ao amor.
O templo foi derrubado. A igreja não existe sem uma consciência clara de sua natureza, e por fim, somos igreja sem estarmos em lugar algum.
O símbolo de Deus é a reunião dos homens em amor.
04 junho 2008
A vida é bela
Joerley Cruz
A vida é bela. A vida doada por Deus, que é uma vida vivida na essencialidade, de nada necessita. É preciso compreender o que é essencial. A beleza da nossa vida está no suprimento de nossas necessidades. Somos supridos por Deus de tal forma que nem percebemos. Isso é belo! O mérito, geralmente, é dado ao fruto de nossas mãos. É um erro! Lutamos por aquilo que não carecemos, pois a respeito do essencial, estamos supridos. Dedicamo-nos ao algo mais, aos prazeres a mais, ao que podemos acrescentar à nossa vida; no entanto, a essencialidade da vida, nossas maiores necessidades, sempre esteve ao alcance – sempre fomos agraciados. A vida é bela porque belo é o direito de viver. A beleza está em Deus nos chamar para a vida, compartilhando sua criação, experimentando sua presença, e, principalmente, percebendo que Ele nos cerca por todos os lados, sustentando-nos por todos os lados. A beleza não está nas coisas fabricadas pelo homem, mas em tudo aquilo que de antemão nos foi proporcionado. O que é preciso é parar de reclamar, de queixar-se por questões frívolas, sem importância. O prazer e a beleza é abraçar o pequeno, o simples, o suficiente, que na verdade é infinito.
A beleza está na infinita suficiência de Deus. É belo porque é insano ao mundo repleto de belezas que descolorem a qualquer momento. É belo porque é durável, é real, é acessível. A beleza da vida está na simplicidade de Deus em direção a nós. Deus não é complicado em nos agradar, não nos ilude, mas nos supre. A vida é bela quando o essencial de Deus vem na frente. É entendida e vivida como bela, quando o nosso esforço pelas questões secundárias não é vital. É belo viver o desprendimento. A liberdade está na beleza de viver sem amarras, e a beleza da vida está em decidirmos dizer: estou satisfeito.
A vida é bela. A vida doada por Deus, que é uma vida vivida na essencialidade, de nada necessita. É preciso compreender o que é essencial. A beleza da nossa vida está no suprimento de nossas necessidades. Somos supridos por Deus de tal forma que nem percebemos. Isso é belo! O mérito, geralmente, é dado ao fruto de nossas mãos. É um erro! Lutamos por aquilo que não carecemos, pois a respeito do essencial, estamos supridos. Dedicamo-nos ao algo mais, aos prazeres a mais, ao que podemos acrescentar à nossa vida; no entanto, a essencialidade da vida, nossas maiores necessidades, sempre esteve ao alcance – sempre fomos agraciados. A vida é bela porque belo é o direito de viver. A beleza está em Deus nos chamar para a vida, compartilhando sua criação, experimentando sua presença, e, principalmente, percebendo que Ele nos cerca por todos os lados, sustentando-nos por todos os lados. A beleza não está nas coisas fabricadas pelo homem, mas em tudo aquilo que de antemão nos foi proporcionado. O que é preciso é parar de reclamar, de queixar-se por questões frívolas, sem importância. O prazer e a beleza é abraçar o pequeno, o simples, o suficiente, que na verdade é infinito.
A beleza está na infinita suficiência de Deus. É belo porque é insano ao mundo repleto de belezas que descolorem a qualquer momento. É belo porque é durável, é real, é acessível. A beleza da vida está na simplicidade de Deus em direção a nós. Deus não é complicado em nos agradar, não nos ilude, mas nos supre. A vida é bela quando o essencial de Deus vem na frente. É entendida e vivida como bela, quando o nosso esforço pelas questões secundárias não é vital. É belo viver o desprendimento. A liberdade está na beleza de viver sem amarras, e a beleza da vida está em decidirmos dizer: estou satisfeito.
16 maio 2008
Deus sem complicações
Joerley Cruz
Andamos em um andar superior, com nossas intuições espirituais que nos dizem que Deus vai além do nosso entendimento e compreensão, pondo por água abaixo nossa ação simples de andar com Ele em lugares e situações inusitadas. Acreditamos que no nosso muito pensar evocamos a Deus e, assim, novamente nossa intuição nos diz que estamos certos, e que Ele se fará conhecido por isso. Vivemos em meio aos que pensam muito, demasiadamente, para encontrar o Deus da sabedoria e excelência. Andamos ao lado daqueles que, por outro lado, acham que Deus caminha nas situações mais vulgares, tornando-o um ser simples demais para ser Deus.
Perseguimos e cremos em um Deus lógico, ao mesmo tempo em que nos enganamos ser Ele quem irá corresponder às nossas teorias teológicas, que são até bem feitas, bem elaboradas, ou por outro lado, sensações que nos conduzem à “intimidade” com o divino, que são até admiráveis, arrepiantes, mas que não são verdadeiramente o que precisamos.
Recordemos dos dois discípulos no caminho de Emaús – andaram pensando no herói derrotado na cruz, no poderoso Filho de Deus vencido pela força militar, no sábio que se aquietou diante de uma autoridade romana [E de muitos modos o interrogava; Jesus, porém, nada lhe respondia.] (Lc 23,9), bem como do religioso que se deixou acusar pela religião; mas os discípulos no caminho não perceberam a presença do Senhor no caminho, em uma simples estrada de terra, onde caminhar seria o acontecimento mais comum e óbvio (Lc 24,13-35).
Mediante tal fato, o real é crer no Deus conosco. De forma simples e sensata, o real é crer no Deus descomplicado. Crer respeitando seus mistérios, seus segredos, mas também crer nas suas evidências comuns. Programamos muito, pensamos demais, investimos recursos humanos exorbitantes, dinheiro demasiado. No entanto, no final da viagem com os dois discípulos para Emaús, a máxima era sentar à mesa com eles e partir o pão.
Da estrada para o pão. O que há de eclesiasticamente estratégico em uma estrada e um pão? O que há de transcendente, espiritual, em uma estrada e um pão? Há muita coisa! A presença do Cristo é o suficiente. Pés no chão e mãos sobre a mesa. Seus pés pisando no mesmo chão que é nosso, que conhecemos bem, e suas mãos postas na mesma mesa, no mesmo nível que as nossas, tornando o pão o que Ele já dizia que é nosso.
Irmãos e amigos, chega de sobre-inteligência, num desfilar sem fim de vaidades e fingimentos a respeito daquilo que se afirma conhecer, mas não se faz a menor idéia – Deus em sua natureza é incompreensível e desmedido, oferecendo-nos apenas um anseio em conhecê-lo melhor, um dia. Basta de mágicas e palavras que prometem e iludem algo que não possuem a menor importância, que inflam nosso ego e nos faz sentir prazeres que logo nos esquecemos, anulando sua importância e relevância. Sejamos os que tornam a estrada, a terra, e a poeira, o cenário da presença de Deus. Sejamos os mesmos que entendem a mesa com o pão, o lugar e o momento de toda a fartura, porque é assim que Deus está conosco – sem complicações, misturando-se a nós, e na maioria das vezes, nos confundindo, fazendo-nos pensar que Emaús seria o ultimo lugar onde o encontraríamos.
Andamos em um andar superior, com nossas intuições espirituais que nos dizem que Deus vai além do nosso entendimento e compreensão, pondo por água abaixo nossa ação simples de andar com Ele em lugares e situações inusitadas. Acreditamos que no nosso muito pensar evocamos a Deus e, assim, novamente nossa intuição nos diz que estamos certos, e que Ele se fará conhecido por isso. Vivemos em meio aos que pensam muito, demasiadamente, para encontrar o Deus da sabedoria e excelência. Andamos ao lado daqueles que, por outro lado, acham que Deus caminha nas situações mais vulgares, tornando-o um ser simples demais para ser Deus.
Perseguimos e cremos em um Deus lógico, ao mesmo tempo em que nos enganamos ser Ele quem irá corresponder às nossas teorias teológicas, que são até bem feitas, bem elaboradas, ou por outro lado, sensações que nos conduzem à “intimidade” com o divino, que são até admiráveis, arrepiantes, mas que não são verdadeiramente o que precisamos.
Recordemos dos dois discípulos no caminho de Emaús – andaram pensando no herói derrotado na cruz, no poderoso Filho de Deus vencido pela força militar, no sábio que se aquietou diante de uma autoridade romana [E de muitos modos o interrogava; Jesus, porém, nada lhe respondia.] (Lc 23,9), bem como do religioso que se deixou acusar pela religião; mas os discípulos no caminho não perceberam a presença do Senhor no caminho, em uma simples estrada de terra, onde caminhar seria o acontecimento mais comum e óbvio (Lc 24,13-35).
Mediante tal fato, o real é crer no Deus conosco. De forma simples e sensata, o real é crer no Deus descomplicado. Crer respeitando seus mistérios, seus segredos, mas também crer nas suas evidências comuns. Programamos muito, pensamos demais, investimos recursos humanos exorbitantes, dinheiro demasiado. No entanto, no final da viagem com os dois discípulos para Emaús, a máxima era sentar à mesa com eles e partir o pão.
Da estrada para o pão. O que há de eclesiasticamente estratégico em uma estrada e um pão? O que há de transcendente, espiritual, em uma estrada e um pão? Há muita coisa! A presença do Cristo é o suficiente. Pés no chão e mãos sobre a mesa. Seus pés pisando no mesmo chão que é nosso, que conhecemos bem, e suas mãos postas na mesma mesa, no mesmo nível que as nossas, tornando o pão o que Ele já dizia que é nosso.
Irmãos e amigos, chega de sobre-inteligência, num desfilar sem fim de vaidades e fingimentos a respeito daquilo que se afirma conhecer, mas não se faz a menor idéia – Deus em sua natureza é incompreensível e desmedido, oferecendo-nos apenas um anseio em conhecê-lo melhor, um dia. Basta de mágicas e palavras que prometem e iludem algo que não possuem a menor importância, que inflam nosso ego e nos faz sentir prazeres que logo nos esquecemos, anulando sua importância e relevância. Sejamos os que tornam a estrada, a terra, e a poeira, o cenário da presença de Deus. Sejamos os mesmos que entendem a mesa com o pão, o lugar e o momento de toda a fartura, porque é assim que Deus está conosco – sem complicações, misturando-se a nós, e na maioria das vezes, nos confundindo, fazendo-nos pensar que Emaús seria o ultimo lugar onde o encontraríamos.
10 maio 2008
A face materna de Deus
Somos seres acolhedores e necessitamos, ao mesmo tempo, sermos acolhidos. Isso significa que a orfandade não nos é natural. Quando refletimos e nos dirigimos a Deus, o Senhor, estamos diante daquele que consideramos Pai. No livro de Deuteronômio lemos “É assim que pagas ao Senhor, povo idiota e insensato? Não é ele teu pai e teu criador, aquele que te fez e te constituiu?” (Dt 32,6). No mesmo sentido, observamos o mesmo Deus no livro do profeta Isaías “como a um menino a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei” (Is 66,13).
A paternidade de Deus se vê na força da criação, no poder inaugurador que nos constituiu sua imagem e semelhança. É o braço forte, a mão sustentadora, a palavra segura, detentora de autoridade, sem alteração.
A maternidade de Deus se vê em seu amor abnegado por meio de Cristo, expressado em Cristo, originado por meio da graça, de misericórdia e de reconciliação. O sentimento consolador de Deus indica sua preocupação e interesse amoroso. O sentimento materno de Deus não diz respeito à dimensão física, não se refere a uma distinção de origem sexual, uma vez que o próprio Deus não se distingue em sua natureza paterna, ou materna. Jesus o considera como Pai. Afinal, quem disse que o Senhor precisava de uma mãe? Não seria o Pai suficiente? Não seria o Pai alguém completo que, também, o suprisse no aspecto maternal? A mão forte e consoladora de Deus, o Pai, em nada desaponta aos que carecem da figura distintamente materna. A cultura judaica fecha o entendimento em um Deus que deva ser Pai. Cristo, então, o chama de Pai. No entanto, as ações, o amor, a providência, a provisão e a preservação, são, igualmente, maternos.
É possível crer num Deus Pai e Mãe, sem que haja nenhuma tendência cultural ou religiosa, mas que veja nEle total suficiência em amor e cuidado.
A paternidade de Deus se vê na força da criação, no poder inaugurador que nos constituiu sua imagem e semelhança. É o braço forte, a mão sustentadora, a palavra segura, detentora de autoridade, sem alteração.
A maternidade de Deus se vê em seu amor abnegado por meio de Cristo, expressado em Cristo, originado por meio da graça, de misericórdia e de reconciliação. O sentimento consolador de Deus indica sua preocupação e interesse amoroso. O sentimento materno de Deus não diz respeito à dimensão física, não se refere a uma distinção de origem sexual, uma vez que o próprio Deus não se distingue em sua natureza paterna, ou materna. Jesus o considera como Pai. Afinal, quem disse que o Senhor precisava de uma mãe? Não seria o Pai suficiente? Não seria o Pai alguém completo que, também, o suprisse no aspecto maternal? A mão forte e consoladora de Deus, o Pai, em nada desaponta aos que carecem da figura distintamente materna. A cultura judaica fecha o entendimento em um Deus que deva ser Pai. Cristo, então, o chama de Pai. No entanto, as ações, o amor, a providência, a provisão e a preservação, são, igualmente, maternos.
É possível crer num Deus Pai e Mãe, sem que haja nenhuma tendência cultural ou religiosa, mas que veja nEle total suficiência em amor e cuidado.
07 abril 2008
Caminhando, aprendendo, e vivendo com o Nazareno
Joerley Cruz
Existiram, e ainda existem, homens e mulheres magníficos e ao mesmo tempo marcantes na história da humanidade. Sem dúvida que a lista seria grande se fossemos confeccioná-la. No quadro histórico da religião, onde encontramos os pacificadores, humildes e altruístas, muitos e muitas contribuíram com seu brilhantismo, caráter, coragem, sabedoria e idéias. Nas Escrituras Sagradas, tanto no primeiro, quanto no segundo testamentos, também são muitos os exemplos. Homens e mulheres que diante de uma vida devota a Deus, buscaram espelhar um pouco do caráter do Criador, ainda que mergulhados em suas imperfeições. As biografias nos ajudam a compreender a vida desses muitos personagens que sempre foram fonte de inspiração para outros.
Falar da vida de outras pessoas, sempre nos exige responsabilidade e certeza sobre o que e quem se está falando. Jesus de Nazaré está acima de qualquer suspeita.
O Jesus histórico está envolvido por diversas provas incontestáveis. Há um perfeito caráter e total sobriedade. Existe nele uma admirada autoridade sobre suas próprias palavras, que provocaram profundas mudanças nos âmbitos: religioso – para ele não existe religião, uma vez que a religião impõe suas verdades; social – para ele não existem classes de pessoas distintas, homens, mulheres, crianças, doentes, e principalmente os pobres, os rejeitados, os que não valem por não terem; político – para ele não há poder confiável e nem sustentável, pois o poder é o ópio dos fracos; econômico – ele não tinha no que se prender, e nem onde colocar seu coração, pois a moeda era de César, e no seu reino, todos os homens e mulheres felizes são pobres, inclusive de espírito.
O Jesus, Filho de Deus, o Cristo, mesclou sua perfeita e exemplar humanidade com seu divino poder, sendo ele a segunda pessoa da trindade – Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Em meio a sua humanidade e entre suas ações e palavras, dignas do próprio Deus, ele convida os homens, não todos, a caminhar com ele, a aprender com ele, e a viver intensamente com ele.
Caminhar com Jesus, o Cristo, é caminhar com o próprio Deus, na dimensão dos homens. É caminhar, tendo a percepção de como Deus deseja que o homem caminhe em suas próprias circunstâncias humanas.
Aprender com Jesus, o Cristo, é desaprender os antigos costumes e valores que os homens adquiriram desde o momento em que Deus se tornara irrelevante a eles. As nossas perguntas direcionadas a Jesus possuem respostas que muitos homens ousam ter, mas que somente ele nos responde, conhecendo ele bem quem o homem, verdadeiramente, é.
Viver com Jesus, o Cristo, é compreender a verdadeira vida que nos foi dada. Ele mesmo nos diz que veio para que tenhamos vida, e vida abundante. Viver com o Nazareno, Filho de Deus, é possuir a real compreensão do viver com Deus, comunitariamente Triúno. Possuindo o exemplo humano de Jesus, o Senhor da vida. Desfrutando da companhia consoladora e esclarecedora do Espírito. Sendo amado pela ação paternal do Pai. O Trino Deus, com amor, doçura, e sustentação, interagindo no homem.
O Jesus caminhante, ensinador, e companheiro de vida, com o caminho a nos mostrar, com as palavras certas a nos dizer, e seu compartilhar de vida conosco, nos traz segurança, tranqüilidade e paz, que nenhum outro ser humano nos proporciona. A vida com o Senhor Jesus é uma incansável aventura, que nos torna pessoas mais humanas e mais cientes de que Deus está conosco.
Existiram, e ainda existem, homens e mulheres magníficos e ao mesmo tempo marcantes na história da humanidade. Sem dúvida que a lista seria grande se fossemos confeccioná-la. No quadro histórico da religião, onde encontramos os pacificadores, humildes e altruístas, muitos e muitas contribuíram com seu brilhantismo, caráter, coragem, sabedoria e idéias. Nas Escrituras Sagradas, tanto no primeiro, quanto no segundo testamentos, também são muitos os exemplos. Homens e mulheres que diante de uma vida devota a Deus, buscaram espelhar um pouco do caráter do Criador, ainda que mergulhados em suas imperfeições. As biografias nos ajudam a compreender a vida desses muitos personagens que sempre foram fonte de inspiração para outros.
Falar da vida de outras pessoas, sempre nos exige responsabilidade e certeza sobre o que e quem se está falando. Jesus de Nazaré está acima de qualquer suspeita.
O Jesus histórico está envolvido por diversas provas incontestáveis. Há um perfeito caráter e total sobriedade. Existe nele uma admirada autoridade sobre suas próprias palavras, que provocaram profundas mudanças nos âmbitos: religioso – para ele não existe religião, uma vez que a religião impõe suas verdades; social – para ele não existem classes de pessoas distintas, homens, mulheres, crianças, doentes, e principalmente os pobres, os rejeitados, os que não valem por não terem; político – para ele não há poder confiável e nem sustentável, pois o poder é o ópio dos fracos; econômico – ele não tinha no que se prender, e nem onde colocar seu coração, pois a moeda era de César, e no seu reino, todos os homens e mulheres felizes são pobres, inclusive de espírito.
O Jesus, Filho de Deus, o Cristo, mesclou sua perfeita e exemplar humanidade com seu divino poder, sendo ele a segunda pessoa da trindade – Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Em meio a sua humanidade e entre suas ações e palavras, dignas do próprio Deus, ele convida os homens, não todos, a caminhar com ele, a aprender com ele, e a viver intensamente com ele.
Caminhar com Jesus, o Cristo, é caminhar com o próprio Deus, na dimensão dos homens. É caminhar, tendo a percepção de como Deus deseja que o homem caminhe em suas próprias circunstâncias humanas.
Aprender com Jesus, o Cristo, é desaprender os antigos costumes e valores que os homens adquiriram desde o momento em que Deus se tornara irrelevante a eles. As nossas perguntas direcionadas a Jesus possuem respostas que muitos homens ousam ter, mas que somente ele nos responde, conhecendo ele bem quem o homem, verdadeiramente, é.
Viver com Jesus, o Cristo, é compreender a verdadeira vida que nos foi dada. Ele mesmo nos diz que veio para que tenhamos vida, e vida abundante. Viver com o Nazareno, Filho de Deus, é possuir a real compreensão do viver com Deus, comunitariamente Triúno. Possuindo o exemplo humano de Jesus, o Senhor da vida. Desfrutando da companhia consoladora e esclarecedora do Espírito. Sendo amado pela ação paternal do Pai. O Trino Deus, com amor, doçura, e sustentação, interagindo no homem.
O Jesus caminhante, ensinador, e companheiro de vida, com o caminho a nos mostrar, com as palavras certas a nos dizer, e seu compartilhar de vida conosco, nos traz segurança, tranqüilidade e paz, que nenhum outro ser humano nos proporciona. A vida com o Senhor Jesus é uma incansável aventura, que nos torna pessoas mais humanas e mais cientes de que Deus está conosco.
24 março 2008
Imagens de Transformação
Anselm Grün
"O objetivo de nossa vida espiritual não é livrar-nos das paixões, mas tranformá-las, de forma que sirvam à vida e anunciem a Deus apaixonadamente. Então nossa ira não será mais cega, mas sem uma força com a qual podemos impor um limite frente aos outros e com a qual temos força para levar a termo a obra de Deus. Nossos melindres não vão desaparecer de uma hora para outra, mas já não irão nos impedir de nos relacionarmos; ao contrário, os melindres serão transfomados em sensibilidade, em compaixão e empatia para com os outros. E nosso zelo será transfomrado em perseverança e disciplina no caminho espiritual, e na constância e tranquilidade ao nos defrontarmos com as decepções e as contrariedades."
"O objetivo de nossa vida espiritual não é livrar-nos das paixões, mas tranformá-las, de forma que sirvam à vida e anunciem a Deus apaixonadamente. Então nossa ira não será mais cega, mas sem uma força com a qual podemos impor um limite frente aos outros e com a qual temos força para levar a termo a obra de Deus. Nossos melindres não vão desaparecer de uma hora para outra, mas já não irão nos impedir de nos relacionarmos; ao contrário, os melindres serão transfomados em sensibilidade, em compaixão e empatia para com os outros. E nosso zelo será transfomrado em perseverança e disciplina no caminho espiritual, e na constância e tranquilidade ao nos defrontarmos com as decepções e as contrariedades."
01 fevereiro 2008
As festas de Deus são melhores que as dos homens
O homem criou festas para si, no intento de se alegrar, porém, deparando-se com certos exageros. O carnaval é uma dessas festas. Uma festa que inclusive está no calendário cristão – católico – brasileiro. O brasileiro é um povo alegre, ainda que o poeta Vinicius de Moraes cantarolou: “A felicidade do pobre parece a grande ilusão do carnaval. A gente trabalha o ano inteiro por um momento de sonho pra fazer a fantasia de rei ou de pirata ou jardineira, pra tudo se acabar na quarta-feira. Tristeza não tem fim, felicidade sim.”
O melhor mesmo foi lermos as palavras sapienciais do rei Salomão: “Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho, pois Deus já de antemão se agrada das tuas obras. Em todo o tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte o óleo sobre a tua cabeça. Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de tua vida fugaz, os quais Deus te deu nesta vida pelo trabalho com que te afadigaste debaixo do sol. [...] teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem.” (Eclesiastes 9,7-9; 12,13).
As festas que Deus promove são infinitamente melhores que as dos homens. Somos convidados a viver tal realidade de Eclesiastes todos os dias do ano. A tristeza dura uma noite, mas a satisfação e o prazer em Deus e nas coisas que Ele no dá vem pela manhã, e duram todo o dia.
O melhor mesmo foi lermos as palavras sapienciais do rei Salomão: “Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho, pois Deus já de antemão se agrada das tuas obras. Em todo o tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte o óleo sobre a tua cabeça. Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de tua vida fugaz, os quais Deus te deu nesta vida pelo trabalho com que te afadigaste debaixo do sol. [...] teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem.” (Eclesiastes 9,7-9; 12,13).
As festas que Deus promove são infinitamente melhores que as dos homens. Somos convidados a viver tal realidade de Eclesiastes todos os dias do ano. A tristeza dura uma noite, mas a satisfação e o prazer em Deus e nas coisas que Ele no dá vem pela manhã, e duram todo o dia.
15 janeiro 2008
Comunhão com Cristo – Mesa compartilhada
Joerley Cruz
Em uma sociedade ocidental, moderna, sem tempo e com muitas responsabilidades, a simplicidade na reunião da mesa se tornou evento do passado. Deus inventou o momento da reunião na mesa. As Pessoas do Pai, do Filho Jesus e do Espírito Santo, vivenciaram durante toda a eternidade a reunião da mesa. A mesa já estava presente na realidade do Deus Triúno, antes de existirmos. O Trino Deus envia uma de suas Pessoas: o Filho, para que nos ensinasse a comunhão do “sentar-se” juntos. Jesus, o Filho, vem aos homens e senta com pecadores, senta-se com religiosos confusos, senta-se com homens moralmente desmerecedores de sentarem à mesa com o Senhor, mas agraciados pelo amor de Deus. A mesa onde o Senhor está traz transformação, provoca entendimento, culmina em um sentimento em ser aceito por Ele. Na mesa do Senhor o alimento satisfaz. A sua presença elimina nossa sede, nossa inquietação, nossa falsa sensação de abandono e culpa, conscientizando-nos que somos abraçados, amados, e convidados pelo próprio Deus – na Pessoa do Senhor Jesus. O ato da reunião na mesa com Cristo, nos nivela no mesmo plano onde Ele está. No mesmo espaço onde Deus descansa suas mãos, também descansamos as nossas. Na mesa do Senhor, todos estão sentados em um mesmo nível. Na mesa do Senhor não há distanciamento, não há espaços abismais que nos separam do Deus da mesa. Na mesa de Jesus somos ligados a Ele, e ligados entre nós, sem necessidade de esforços, pois, sentados no mesmo nível,somos unidos com Ele. Diante de nossa união com Cristo na mesa, somos até mesmo confundidos entre nós (Judas Iscariotes, mediante sua traição, não foi prontamente identificado – “Quando estavam à mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade vos digo que um dentre vós, o que come comigo, me trairá. E eles começaram a entristecer-se e a dizer-lhe, um após outro: Porventura, sou eu? Respondeu-lhe: É um dos doze, o que mete comigo a mão no prato.” – Marcos 14,18-20). Originalmente, e intencionalmente, na mesa de Jesus somos convidados em sermos iguais em sua presença, como também nos alimentarmos dEle. É a mesa da comunhão, é a mesa do encontro. É a mesa sem pressa, sem preocupação (Judas, em sua preocupação, e usado por Satanás, recebe ordem do Senhor para que vá depressa – João 13,27). Porém, não devemos nos apressar, mas aproveitar o privilégio.
Em uma sociedade ocidental, moderna, sem tempo e com muitas responsabilidades, a simplicidade na reunião da mesa se tornou evento do passado. Deus inventou o momento da reunião na mesa. As Pessoas do Pai, do Filho Jesus e do Espírito Santo, vivenciaram durante toda a eternidade a reunião da mesa. A mesa já estava presente na realidade do Deus Triúno, antes de existirmos. O Trino Deus envia uma de suas Pessoas: o Filho, para que nos ensinasse a comunhão do “sentar-se” juntos. Jesus, o Filho, vem aos homens e senta com pecadores, senta-se com religiosos confusos, senta-se com homens moralmente desmerecedores de sentarem à mesa com o Senhor, mas agraciados pelo amor de Deus. A mesa onde o Senhor está traz transformação, provoca entendimento, culmina em um sentimento em ser aceito por Ele. Na mesa do Senhor o alimento satisfaz. A sua presença elimina nossa sede, nossa inquietação, nossa falsa sensação de abandono e culpa, conscientizando-nos que somos abraçados, amados, e convidados pelo próprio Deus – na Pessoa do Senhor Jesus. O ato da reunião na mesa com Cristo, nos nivela no mesmo plano onde Ele está. No mesmo espaço onde Deus descansa suas mãos, também descansamos as nossas. Na mesa do Senhor, todos estão sentados em um mesmo nível. Na mesa do Senhor não há distanciamento, não há espaços abismais que nos separam do Deus da mesa. Na mesa de Jesus somos ligados a Ele, e ligados entre nós, sem necessidade de esforços, pois, sentados no mesmo nível,somos unidos com Ele. Diante de nossa união com Cristo na mesa, somos até mesmo confundidos entre nós (Judas Iscariotes, mediante sua traição, não foi prontamente identificado – “Quando estavam à mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade vos digo que um dentre vós, o que come comigo, me trairá. E eles começaram a entristecer-se e a dizer-lhe, um após outro: Porventura, sou eu? Respondeu-lhe: É um dos doze, o que mete comigo a mão no prato.” – Marcos 14,18-20). Originalmente, e intencionalmente, na mesa de Jesus somos convidados em sermos iguais em sua presença, como também nos alimentarmos dEle. É a mesa da comunhão, é a mesa do encontro. É a mesa sem pressa, sem preocupação (Judas, em sua preocupação, e usado por Satanás, recebe ordem do Senhor para que vá depressa – João 13,27). Porém, não devemos nos apressar, mas aproveitar o privilégio.
02 janeiro 2008
O Reino de Deus como um novo estilo de vida
Brian D. McLaren (extraído do livro "A mensagem secreta de Jesus", págs. 142-144 - Ed.Thomas Nelson Brasil)
Uma amiga retorna de férias e lhe conta a respeito de uma nova terra em que esteve e que parece ser maravilhosa. Você sempre esteve mais ou menos satisfeito em sua terra natal: é a única realidade que já conheceu. As histórias narradas por ela, no entanto, fazem com que você passe a reparar em coisas que jamais havia notado. Comparada à nova terra que sua amiga descreveu, sua terra natal parece sofrer de uma sufocante poluição do ar; a vista é pobre, a cultura é entediante, atrasada e sem criatividade e a economia está estagnada. Quanto mais se recorda das imagens e das histórias que ouviu sobre a tal outra terra – histórias sobre pessoas interessantes, uma cultura vibrante, uma vista maravilhosa e uma robusta economia –, mais se sente inquieto. Certa noite, seu jantar é interrompido seis vezes por telefonemas de telemarketing, tentando vender máscaras de gás com que se possa respirar melhor em dias de altas taxas de poluição; e então algo estala dentro de você: Já chega! Estou cheio disso! – você pensa, Vou começar uma nova vida nesta terra nova de que minha amiga me falou.
Então você começa gradualmente a imaginar a vida no novo reino. Gradualmente, você consegue se ver lá – e a vida parece ser melhor. Mesmo assim você vacila por um tempo. Será que tem fé suficiente para fazer sua mala e se dirigir para a fronteira? Será que confia o suficiente em sua amiga para fazer um movimento destes? Você compartilha com ela seus sonhos – e suas dúvidas – e ela diz: “Se você for, eu vou com você. Desde que visitei não consigo pensar em outra coisa que não me mudar para lá para sempre.” E isso pesa na balança. Você vende sua casa e todas as suas posses, e os dois partem.
Com certa apreensão você se aproxima da fronteira. Apresenta seus documentos e se declara um imigrante. Então, é feita uma única e simples pergunta: “Você deseja deixar seu passado para trás e começar uma nova vida em nosso reino?”Quando responde que sim, eles carimbam seu passaporte – sem mais perguntas – e então recomendam que tome um banho. Explicam que imigrantes geralmente consideram sábio lavar-se da fuligem e do cheiro de seu antigo país, para que tenham um começo limpo nesta sua nova terra. Você concorda e está contente em fazê-lo. Então você entra e respira bem fundo e seus pulmões sentem como se estivessem inalando pura saúde, alegria e paz. É como se o espírito do novo Reino estivesse entrando em você. Você se sente vivo como nunca se sentiu antes.
Você encontra uma nova casa, conhece seus novos vizinhos e estabelece uma vida inteiramente nova. Rapidamente percebe que há muito que aprender. As pessoas falam um novo dialeto lá. Não é o velho sotaque do orgulho, do julgamento, da arrogância, do engano, dos insultos ou da mentira; trata-se, antes, de um sotaque de gratidão, de encorajamento; trata-se de se falar a verdade, de se admitir os erros, de se celebrar as alegrias. Você também nota que as pessoas de lá vivem em um ritmo diferente daquele a que está acostumado – não são preguiçosos, mas também não são viciados ou escravos do trabalho. Vivem com certa cadência, entremeando descanso com trabalho, com adoração, com brincadeira, com comunhão, com sacrifício, com refeições compartilhadas e nova vida, sente-se quase como se tivesse nascido com uma nova autobiografia e em um novo mundo.
Reconsiderar, crer, receber, tornar público e praticar um novo estilo de vida – estes parecem ser os elementos básicos daquilo que significa entrar no segredo e deixá-lo entrar em você.
Uma amiga retorna de férias e lhe conta a respeito de uma nova terra em que esteve e que parece ser maravilhosa. Você sempre esteve mais ou menos satisfeito em sua terra natal: é a única realidade que já conheceu. As histórias narradas por ela, no entanto, fazem com que você passe a reparar em coisas que jamais havia notado. Comparada à nova terra que sua amiga descreveu, sua terra natal parece sofrer de uma sufocante poluição do ar; a vista é pobre, a cultura é entediante, atrasada e sem criatividade e a economia está estagnada. Quanto mais se recorda das imagens e das histórias que ouviu sobre a tal outra terra – histórias sobre pessoas interessantes, uma cultura vibrante, uma vista maravilhosa e uma robusta economia –, mais se sente inquieto. Certa noite, seu jantar é interrompido seis vezes por telefonemas de telemarketing, tentando vender máscaras de gás com que se possa respirar melhor em dias de altas taxas de poluição; e então algo estala dentro de você: Já chega! Estou cheio disso! – você pensa, Vou começar uma nova vida nesta terra nova de que minha amiga me falou.
Então você começa gradualmente a imaginar a vida no novo reino. Gradualmente, você consegue se ver lá – e a vida parece ser melhor. Mesmo assim você vacila por um tempo. Será que tem fé suficiente para fazer sua mala e se dirigir para a fronteira? Será que confia o suficiente em sua amiga para fazer um movimento destes? Você compartilha com ela seus sonhos – e suas dúvidas – e ela diz: “Se você for, eu vou com você. Desde que visitei não consigo pensar em outra coisa que não me mudar para lá para sempre.” E isso pesa na balança. Você vende sua casa e todas as suas posses, e os dois partem.
Com certa apreensão você se aproxima da fronteira. Apresenta seus documentos e se declara um imigrante. Então, é feita uma única e simples pergunta: “Você deseja deixar seu passado para trás e começar uma nova vida em nosso reino?”Quando responde que sim, eles carimbam seu passaporte – sem mais perguntas – e então recomendam que tome um banho. Explicam que imigrantes geralmente consideram sábio lavar-se da fuligem e do cheiro de seu antigo país, para que tenham um começo limpo nesta sua nova terra. Você concorda e está contente em fazê-lo. Então você entra e respira bem fundo e seus pulmões sentem como se estivessem inalando pura saúde, alegria e paz. É como se o espírito do novo Reino estivesse entrando em você. Você se sente vivo como nunca se sentiu antes.
Você encontra uma nova casa, conhece seus novos vizinhos e estabelece uma vida inteiramente nova. Rapidamente percebe que há muito que aprender. As pessoas falam um novo dialeto lá. Não é o velho sotaque do orgulho, do julgamento, da arrogância, do engano, dos insultos ou da mentira; trata-se, antes, de um sotaque de gratidão, de encorajamento; trata-se de se falar a verdade, de se admitir os erros, de se celebrar as alegrias. Você também nota que as pessoas de lá vivem em um ritmo diferente daquele a que está acostumado – não são preguiçosos, mas também não são viciados ou escravos do trabalho. Vivem com certa cadência, entremeando descanso com trabalho, com adoração, com brincadeira, com comunhão, com sacrifício, com refeições compartilhadas e nova vida, sente-se quase como se tivesse nascido com uma nova autobiografia e em um novo mundo.
Reconsiderar, crer, receber, tornar público e praticar um novo estilo de vida – estes parecem ser os elementos básicos daquilo que significa entrar no segredo e deixá-lo entrar em você.
Assinar:
Postagens (Atom)