Somos seres acolhedores e necessitamos, ao mesmo tempo, sermos acolhidos. Isso significa que a orfandade não nos é natural. Quando refletimos e nos dirigimos a Deus, o Senhor, estamos diante daquele que consideramos Pai. No livro de Deuteronômio lemos “É assim que pagas ao Senhor, povo idiota e insensato? Não é ele teu pai e teu criador, aquele que te fez e te constituiu?” (Dt 32,6). No mesmo sentido, observamos o mesmo Deus no livro do profeta Isaías “como a um menino a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei” (Is 66,13).
A paternidade de Deus se vê na força da criação, no poder inaugurador que nos constituiu sua imagem e semelhança. É o braço forte, a mão sustentadora, a palavra segura, detentora de autoridade, sem alteração.
A maternidade de Deus se vê em seu amor abnegado por meio de Cristo, expressado em Cristo, originado por meio da graça, de misericórdia e de reconciliação. O sentimento consolador de Deus indica sua preocupação e interesse amoroso. O sentimento materno de Deus não diz respeito à dimensão física, não se refere a uma distinção de origem sexual, uma vez que o próprio Deus não se distingue em sua natureza paterna, ou materna. Jesus o considera como Pai. Afinal, quem disse que o Senhor precisava de uma mãe? Não seria o Pai suficiente? Não seria o Pai alguém completo que, também, o suprisse no aspecto maternal? A mão forte e consoladora de Deus, o Pai, em nada desaponta aos que carecem da figura distintamente materna. A cultura judaica fecha o entendimento em um Deus que deva ser Pai. Cristo, então, o chama de Pai. No entanto, as ações, o amor, a providência, a provisão e a preservação, são, igualmente, maternos.
É possível crer num Deus Pai e Mãe, sem que haja nenhuma tendência cultural ou religiosa, mas que veja nEle total suficiência em amor e cuidado.
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