A mesa é o lugar da comunhão. Na mesa há reunião e há também o olhar nos olhos. O olhar se unifica, pois a mesa é uma só. Todos estão no mesmo nível, na mesma dimensão de espaço, tornando comum seu ato e sua intenção. Deixam de fora as diferenças e desavenças, e metem a mão no mesmo prato (Mt 26,23).
A mesa é o lugar de revelação. Todos se conhecem na mesa, ou passam a se conhecer. Jesus, na mesa, em sua ultima mesa da páscoa, se revela a respeito de quem ele é. Ele revela ser ele o cordeiro pascal. Ele revela a vida. ele revela a esperança, e até mesmo faz-se revelar seu traidor.
Na mesa da Ceia do Senhor, a mesa eucarística, mescla-se a comunhão com a liberdade. Na mesa estão dispostos a comunhão com Cristo e a liberdade em Cristo.
Jesus sobe à Jerusalém com seus discípulos para celebrar a páscoa referente à libertação do povo no Egito.
A relação do cordeiro na mesa pascal (Êx 12) traça um paralelo com a nova mesa pascal no cenáculo, no segundo testamento (Mt 26,26-29).
Dá-se a relação da libertação no Egito com a libertação em Cristo. O cordeiro, que é Cristo, se coloca sobre a mesa, repartido, na apresentação de seu corpo e sangue derramado.
A libertação se faz. No passado o povo saiu do Egito; em Cristo, o cordeiro definitivo, consuma-se a total libertação. Não há cativeiro. Não há domínio nas mãos do Faraó, nas mãos dos babilônios, nas mãos dos romanos; mas há nas mãos estendidas do cordeiro onde se encontra a liberdade.
A mesa é a lembrança e valorização da liberdade. Na ceia do Senhor se comemora, primeiramente, a libertação atingida. O povo hebreu, no Egito, senta-se nas mesas em família, antevendo a liberdade que os alcançara. Hoje, em Cristo, nos encontramos na mesa livres do pecado que nos dominara.
Mas na mesa do Senhor não somente há comunhão com os libertos, ou uma compreensão progressiva da liberdade, mas há também a prática da partilha.
Cristo institui a ceia reconfigurando uma nova libertação. No entanto, seu corpo repartido em sacrifício é dividido entre os homens. Não há mesa sem comunhão. Não há mesa sem a presença convicta da liberdade. Não há mesa sem o sentimento de partilha. Somos livres porque Cristo nos alcançou para uma comunhão verdadeira. Somos livres porque a libertação em Cristo nos oferece esperança - o Messias. Somos livres porque repartimos o que é nosso, não mais sendo escravos de nós mesmos e nem daquilo que nos pertence.
A liberdade expressa despojamento. Na liberdade reside o ato de repartir. Cristo nos liberta repartindo-se para nós. Na comunhão e na liberdade repartimos. Na comunhão, na liberdade, na partilha, nos reunimos à mesa e celebramos nossa ceia pascal, onde o cordeiro que foi morto nos libertou e nos transportou da morte para a vida.
Na mesa onde há comunhão, liberdade, e partilha, há esperança. Na ceia do Senhor revivemos a esperança. É a esperança definitiva que nos envolve e que se transforma em regozijo pelo o que há de vir.
Um espaço voltado ao pensamento e definições que conduzem à um estilo de vida que segue o Cristo, o Jesus de Nazaré que é Senhor da vida, e em quem reside toda a verdade, o caminho que leva a Deus, e a vida, que é vivida em totalidade por motivo da existência do Filho de Deus, com quem caminhamos, pela fé que nos envolve.
29 setembro 2008
11 setembro 2008
Deus veio para nós
“[ ]... a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus está conosco.” (Mt 1,23).
Quando pensamos ou dizemos que Deus está conosco, geralmente associamos a presença espiritual de Deus.
O evento mais maravilhoso na história é a humanização de Deus. Para um Deus vestir a pele de um ser humano, vivenciando as experiências, muitas vezes agradáveis, muitas vezes sem sabor, é necessário que não somente haja poder – uma vez que um (d)eus que somente anda no campo impalpável, não se faz conhecido, portanto, vive às margens do risco de não ser acreditado – mas haja também muito interesse pelo ser com o qual se iguala.
Jesus Cristo é o símbolo de Deus na dimensão limitada do ser humano. Em Cristo somos apresentados a um Deus que experimenta as sensações e sentimentos que nós experimentamos. Em Jesus, Deus empoeira os pés, agoniza diante da dor, alegra-se diante das expressões que são bem nossas, ama o nosso amor, indigna-se a nossa indignidade, descobre o que verdadeiramente somos.
Deus veio para nós, e em nós, nunca mais se ausentou.
Quando pensamos ou dizemos que Deus está conosco, geralmente associamos a presença espiritual de Deus.
O evento mais maravilhoso na história é a humanização de Deus. Para um Deus vestir a pele de um ser humano, vivenciando as experiências, muitas vezes agradáveis, muitas vezes sem sabor, é necessário que não somente haja poder – uma vez que um (d)eus que somente anda no campo impalpável, não se faz conhecido, portanto, vive às margens do risco de não ser acreditado – mas haja também muito interesse pelo ser com o qual se iguala.
Jesus Cristo é o símbolo de Deus na dimensão limitada do ser humano. Em Cristo somos apresentados a um Deus que experimenta as sensações e sentimentos que nós experimentamos. Em Jesus, Deus empoeira os pés, agoniza diante da dor, alegra-se diante das expressões que são bem nossas, ama o nosso amor, indigna-se a nossa indignidade, descobre o que verdadeiramente somos.
Deus veio para nós, e em nós, nunca mais se ausentou.
06 setembro 2008
Símbolos de Deus
O Deus de Israel é simbólico. É simbólico porque o simbolismo é a linguagem que o faz se aproximar dos homens. Há em suas palavras e intenções simbolismos que traduzem seu real desejo em se comunicar com o homem.
Em toda historia bíblica encontramos a ação de Deus por meio de simbolismos. Da criação até a pessoa de Jesus, tudo caminhou de forma que Deus pudesse ser compreendido. Em Cristo, o simbolismo de Deus atingiu seu auge. As pessoas encontram Deus em Jesus, e o próprio Jesus se tornou sacrifício expiatório em favor dos homens, simbolizando o instrumental de Deus na absolvição do pecado dos homens – não há perdão de pecados sem sacrifício, portanto, o sacrifício simboliza o perdão de Deus.
Nasce o tabernáculo. Deus desejou que houvesse um lugar onde Ele habitasse. Não era fixo, até porque Deus não se prende em nenhum lugar. O símbolo do tabernáculo não está no endereçamento de Deus, mas na representação de Sua presença. Dentro do tabernáculo, Deus inclui objetos e expressões cerimoniais que simbolizam a Sua presença.
O rei Davi deseja construir um templo. O rei acredita que Deus, realmente, merece um lugar. No entanto, ele é impedido, uma vez que o templo é construído por seu filho Salomão. Daí em diante as experiências vividas no templo não foram das melhores. O templo se tornou um lugar de fonte de interesses humanos, alimentou os interesses dos homens, e Deus foi esquecido.
Nasce no coração dos homens o desejo de que Deus habite, que Ele esteja em algum lugar onde se possa vê-lo, na tentação terrível até, para alguns, de controlá-lo – afinal, se Deus está no templo, é lá que nos encontramos com Ele.
Nasce no coração de Deus o desejo de que os homens sejam habitados. Jesus destitui o templo. Em Marcos 11,15-18 o Senhor informa que Deus não está no templo, ainda que Deus atendesse as orações, sendo essas invocadas e dedicadas no templo, mas o templo perdeu o seu brilho, a luz se apagou, e as cortinas se fecharam. Este símbolo não foi vitalício.
Deus sempre desejou habitar. Cristo acampa entre nós. Monta uma barraca em nosso meio, ao lado de nossas barracas – é o Deus conosco. Porém, Ele não foi recebido. Por alguns, ele foi negado; outros o confundiram com profetas; outros encontraram nele possibilidades de favor; mas, na verdade, era Deus querendo estar junto, ao lado de nós.
Deus insistiu. Mandou-nos seu Espírito, e Este habitou em nós fazendo de nós Sua morada. Não há mais templo. Não há mais endereço. Deus nos ocupou e assentou em nós. Nos tornamos teto para Deus.
A igreja existe, mas existe em nós e não fora de nós. Não há como controlá-la, manipulá-la, alterá-la, adulterá-la, até porque se assim acontecer, seremos atingidos. Muitos são os que tentam assinar seus nomes na igreja de Jesus, mas fracassam e levam muitos ao erro. A igreja de Jesus independe das nossas regras, comportamentos, estratégias, e tomadas de decisões. Ela está tão acima de tudo isso que muitas vezes nem é notada. É possível fazer-se tudo, sem confirmar a natureza da igreja. Constroem-se templos suntuosos, edificam prédios belíssimos, criam ministérios dos mais criativos, mas por fim, voltam ao sentimento do templo, que não é mais um símbolo para Deus.
O templo não existe mais, graças a Deus, pois servia como meio de usurpação. A igreja não existe nos moldes dos templos, uma vez que é tentada a repetir atos de usurpação, escravizando pessoas por meio de visões humanas (alucinações espirituais). O que existe é a igreja em nós. Somos chamados à uma singela reunião. A reunião é o símbolo de Deus, pois conhecemos a Deus na reunião de suas três pessoas (Pai-Filho-Espírito Santo).
A igreja é o momento da reunião promovida. A reunião é o meio pelo qual a comunidade se compreende, se comunica, confirma sua real natureza, e cresce.
A natureza ativa da verdadeira igreja é o mutirão. Ninguém age sozinho em prol de um determinado interesse, do qual a comunidade não participa. Tudo é feito no coletivo, onde todos cooperam em prol de tudo. Não há partidarismo, não há destaques em grupos distintos, mas há uma cooperação no objetivo de união.
Há na igreja de Jesus uma sinergia (convergência das partes de um todo que concorrem para um mesmo resultado). Não é necessário nos desgastarmos com os multi-ministérios, onde existe uma intensa concentração que excede aos princípios básicos da reunião, e que é tendenciosa e sem sustentação bíblica em tornar o ambiente eclesiástico em um ambiente escravagista. Todas as pessoas trabalhando muito por algo, dedicando todo seu tempo e forças, na tentativa de comunicar que é essa a obra do Senhor.
No nosso século, onde a escravidão e o trabalho forçado foram oficialmente abolidos, as pessoas, fora e dentro do contexto eclesiástico, buscam serem ouvidas, incluídas, de maneira que alguém se importe com elas.
A inclusão do outro no meio de todos, onde nos dedicamos às palavras, aos gestos, aos sentimentos, à reflexão, à afetividade, ao amor.
O templo foi derrubado. A igreja não existe sem uma consciência clara de sua natureza, e por fim, somos igreja sem estarmos em lugar algum.
O símbolo de Deus é a reunião dos homens em amor.
Em toda historia bíblica encontramos a ação de Deus por meio de simbolismos. Da criação até a pessoa de Jesus, tudo caminhou de forma que Deus pudesse ser compreendido. Em Cristo, o simbolismo de Deus atingiu seu auge. As pessoas encontram Deus em Jesus, e o próprio Jesus se tornou sacrifício expiatório em favor dos homens, simbolizando o instrumental de Deus na absolvição do pecado dos homens – não há perdão de pecados sem sacrifício, portanto, o sacrifício simboliza o perdão de Deus.
Nasce o tabernáculo. Deus desejou que houvesse um lugar onde Ele habitasse. Não era fixo, até porque Deus não se prende em nenhum lugar. O símbolo do tabernáculo não está no endereçamento de Deus, mas na representação de Sua presença. Dentro do tabernáculo, Deus inclui objetos e expressões cerimoniais que simbolizam a Sua presença.
O rei Davi deseja construir um templo. O rei acredita que Deus, realmente, merece um lugar. No entanto, ele é impedido, uma vez que o templo é construído por seu filho Salomão. Daí em diante as experiências vividas no templo não foram das melhores. O templo se tornou um lugar de fonte de interesses humanos, alimentou os interesses dos homens, e Deus foi esquecido.
Nasce no coração dos homens o desejo de que Deus habite, que Ele esteja em algum lugar onde se possa vê-lo, na tentação terrível até, para alguns, de controlá-lo – afinal, se Deus está no templo, é lá que nos encontramos com Ele.
Nasce no coração de Deus o desejo de que os homens sejam habitados. Jesus destitui o templo. Em Marcos 11,15-18 o Senhor informa que Deus não está no templo, ainda que Deus atendesse as orações, sendo essas invocadas e dedicadas no templo, mas o templo perdeu o seu brilho, a luz se apagou, e as cortinas se fecharam. Este símbolo não foi vitalício.
Deus sempre desejou habitar. Cristo acampa entre nós. Monta uma barraca em nosso meio, ao lado de nossas barracas – é o Deus conosco. Porém, Ele não foi recebido. Por alguns, ele foi negado; outros o confundiram com profetas; outros encontraram nele possibilidades de favor; mas, na verdade, era Deus querendo estar junto, ao lado de nós.
Deus insistiu. Mandou-nos seu Espírito, e Este habitou em nós fazendo de nós Sua morada. Não há mais templo. Não há mais endereço. Deus nos ocupou e assentou em nós. Nos tornamos teto para Deus.
A igreja existe, mas existe em nós e não fora de nós. Não há como controlá-la, manipulá-la, alterá-la, adulterá-la, até porque se assim acontecer, seremos atingidos. Muitos são os que tentam assinar seus nomes na igreja de Jesus, mas fracassam e levam muitos ao erro. A igreja de Jesus independe das nossas regras, comportamentos, estratégias, e tomadas de decisões. Ela está tão acima de tudo isso que muitas vezes nem é notada. É possível fazer-se tudo, sem confirmar a natureza da igreja. Constroem-se templos suntuosos, edificam prédios belíssimos, criam ministérios dos mais criativos, mas por fim, voltam ao sentimento do templo, que não é mais um símbolo para Deus.
O templo não existe mais, graças a Deus, pois servia como meio de usurpação. A igreja não existe nos moldes dos templos, uma vez que é tentada a repetir atos de usurpação, escravizando pessoas por meio de visões humanas (alucinações espirituais). O que existe é a igreja em nós. Somos chamados à uma singela reunião. A reunião é o símbolo de Deus, pois conhecemos a Deus na reunião de suas três pessoas (Pai-Filho-Espírito Santo).
A igreja é o momento da reunião promovida. A reunião é o meio pelo qual a comunidade se compreende, se comunica, confirma sua real natureza, e cresce.
A natureza ativa da verdadeira igreja é o mutirão. Ninguém age sozinho em prol de um determinado interesse, do qual a comunidade não participa. Tudo é feito no coletivo, onde todos cooperam em prol de tudo. Não há partidarismo, não há destaques em grupos distintos, mas há uma cooperação no objetivo de união.
Há na igreja de Jesus uma sinergia (convergência das partes de um todo que concorrem para um mesmo resultado). Não é necessário nos desgastarmos com os multi-ministérios, onde existe uma intensa concentração que excede aos princípios básicos da reunião, e que é tendenciosa e sem sustentação bíblica em tornar o ambiente eclesiástico em um ambiente escravagista. Todas as pessoas trabalhando muito por algo, dedicando todo seu tempo e forças, na tentativa de comunicar que é essa a obra do Senhor.
No nosso século, onde a escravidão e o trabalho forçado foram oficialmente abolidos, as pessoas, fora e dentro do contexto eclesiástico, buscam serem ouvidas, incluídas, de maneira que alguém se importe com elas.
A inclusão do outro no meio de todos, onde nos dedicamos às palavras, aos gestos, aos sentimentos, à reflexão, à afetividade, ao amor.
O templo foi derrubado. A igreja não existe sem uma consciência clara de sua natureza, e por fim, somos igreja sem estarmos em lugar algum.
O símbolo de Deus é a reunião dos homens em amor.
Assinar:
Postagens (Atom)