A espiritualidade não é uma arte. A espiritualidade é um estado de ser, de estar, de viver. A espiritualidade é o meio de se estar com Deus, de tentar compreender Deus – uma linguagem onde o homem e Deus se entendem. A arte não é espiritual. A arte é humana – bastante racional, mas consideravelmente emocional. A arte depende daquilo que pode ser visto. A arte existe porque é vista. Mesmo que a mensagem contida na arte seja relacionada a algo espiritual, a arte continua sendo visual. É uma obra doada ao espectador, que perde os direitos do seu original significado – uma vez transmitido, o valor e a interpretação, fogem, muitas vezes, da idéia de quem a criou, pois cada interpretação dá lugar aos seus próprios princípios – trocando em miúdos, cada um enxerga como quer.
O fascinante é mesclar as duas coisas. Tornar a arte e a espiritualidade amigas é o grande desafio daqueles que convivem com os dois. Ou vive-se totalmente derramado no conceito de apresentar (o lado prático da arte), e tão somente de apresentar, ou vive-se apenas no ambiente da transcendência (um estilo de vida que apenas falta levitar). Na verdade, o fascinante desafio é tornar a mensagem, que possui estacas espirituais, com o objetivo de tocar no íntimo das pessoas, dando-lhes condições de encontrar ou reencontrar a Deus, algo que seja facilmente comunicado. A beleza, a criatividade, o senso de bem estar quando se ouve, se vê, vislumbra, etc, são os atributos da arte. Uma arte que se torna comunicativa, não apenas por comunicar, ou entreter, mas por possuir um poder de convencimento sobre uma verdade inegociável. A arte comunica a espiritualidade de forma criativa e bela, mostrando e persuadindo que por trás disso há verdades relacionadas ao homem e a Deus. O homem e Deus se juntando por meio de algo que comunica por diferentes expressões. A arte expressa a espiritualidade. A vida entre o homem e Deus é vivida nos parâmetros da espiritualidade. A arte tem a oportunidade de sustentar o que realmente existe entre o homem e Deus. Ela tem a chance de tornar visível o que é invisível. Não que a arte revele Deus e seus atributos, mas torna o contato mais acessível. Contar história é uma arte. Jesus contou histórias (parábolas), e foram essas histórias que elucidaram os homens a respeito do Reino de Deus. Seguindo os passos de Jesus, nos resta contar histórias, cantar histórias, dançar histórias, pintar histórias, enfim, "parabolizar" a vida de maneira que o Reino de Deus seja entendido. Os conceitos que Jesus extraiu das histórias que contou, foram de reflexão profunda, salvíficos, que no mínimo, fizeram os homens e mulheres se surpreenderem por algo que ainda não conheciam. A arte deve abalar. Arrancar do mais profundo íntimo de uma pessoa, sensações que nunca lhe ocorreram, e que principalmente, faça sentido. Diz-se que a arte acompanha a vida, e a vida acompanha a arte.
Posso ousar em dizer que a arte acompanha a espiritualidade, em direção ao caminho de Deus e de seu Reino. Todos os quadros são pintados, as canções são entoadas, as histórias são contadas com dramaturgia, os poemas e poesias são escritos, louvando a Deus pelo simples fato de se respirar. O autor da vida criou a vida. A vida formou a arte. A arte voltou-se à vida (ao homem), e o homem voltou-se a Deus. O Espírito de Deus sopra para onde quer, e nas muitas vezes, a arte navega em meio ao vento.
Ao Deus da arte,
Ao Deus da nossa espiritualidade,
Toda honra e glória...
Nenhum comentário:
Postar um comentário