16 dezembro 2009

O menino, o paiol, a salvação

A liberdade vem de uma criança, em um lugar onde os animais bebem água. Um personagem simples – menino recém-nascido; um lugar humilde – apenas serve para os animais.
Pensar que Deus, o Pai, não se importou com a imagem que seria marcada para sempre – qual a impressão que Deus deveria deixar em um momento onde nascia seu unigênito?! Aparentemente, parece ser um momento que não foi o melhor – afinal, uma menina grávida de um homem mais velho que não era, biologicamente, o pai da criança, deu margem para diversos comentários: muita fofoca! Aos olhos críticos e exigentes, “ainda mais pensando que o projeto nasceu de Deus, algo intrigante para os que pregam que Deus quer o melhor”, percebe-se um lugar que não foi o melhor – onde já se viu o Rei dos judeus nascer em meio a relinchadas, mugidos, e outras expressões que caracterizam um lugar sem muita higiene, um lugar inóspito?! O Deus da salvação é representado, inicialmente apresentado como uma criança – aos olhos de uma cultura judaica uma criança não simboliza salvação. Aos nossos olhos, uma criança apenas transparece meiguice, comunica ingenuidade, indica impotência, não vai muito longe.
Mas o presépio é cheio de gloria.
Aos olhos de Deus... havia dignidade em Maria, e em José havia um marido e verdadeiro pai. Para Deus, o lugar era ideal. Não há castelo, não há soberba, não há vaidade... há simplicidade, há uma identificação com a miséria humana – verdadeira identidade que há em todos nós, onde muitos tentam esconder. O menino-Deus vem demonstrando que não há o que esconder. O lugar se encaixa. Para Deus, na criança, no menino, não há tirania como há nos reis adultos. Na criança, não há violência, como reina no coração dos imperadores. No menino, o verdadeiro governador, não há desonestidade e desumanidade, como há nos políticos e autoridades publicas, que acreditávamos serem defensores dos homens. Na criança não há a obrigatoriedade de expressar força, poder, pois o poder e a força estão presentes no mais inesperado ser. A mãe ainda virgem, o pai confuso, e o menino libertador, mudaram nossa história, nos incluíram na família de Deus.
É preciso seguir a estrela. É necessário olhar para o menino, com olhos de menino.