15 janeiro 2008

Comunhão com Cristo – Mesa compartilhada

Joerley Cruz

Em uma sociedade ocidental, moderna, sem tempo e com muitas responsabilidades, a simplicidade na reunião da mesa se tornou evento do passado. Deus inventou o momento da reunião na mesa. As Pessoas do Pai, do Filho Jesus e do Espírito Santo, vivenciaram durante toda a eternidade a reunião da mesa. A mesa já estava presente na realidade do Deus Triúno, antes de existirmos. O Trino Deus envia uma de suas Pessoas: o Filho, para que nos ensinasse a comunhão do “sentar-se” juntos. Jesus, o Filho, vem aos homens e senta com pecadores, senta-se com religiosos confusos, senta-se com homens moralmente desmerecedores de sentarem à mesa com o Senhor, mas agraciados pelo amor de Deus. A mesa onde o Senhor está traz transformação, provoca entendimento, culmina em um sentimento em ser aceito por Ele. Na mesa do Senhor o alimento satisfaz. A sua presença elimina nossa sede, nossa inquietação, nossa falsa sensação de abandono e culpa, conscientizando-nos que somos abraçados, amados, e convidados pelo próprio Deus – na Pessoa do Senhor Jesus. O ato da reunião na mesa com Cristo, nos nivela no mesmo plano onde Ele está. No mesmo espaço onde Deus descansa suas mãos, também descansamos as nossas. Na mesa do Senhor, todos estão sentados em um mesmo nível. Na mesa do Senhor não há distanciamento, não há espaços abismais que nos separam do Deus da mesa. Na mesa de Jesus somos ligados a Ele, e ligados entre nós, sem necessidade de esforços, pois, sentados no mesmo nível,somos unidos com Ele. Diante de nossa união com Cristo na mesa, somos até mesmo confundidos entre nós (Judas Iscariotes, mediante sua traição, não foi prontamente identificado – “Quando estavam à mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade vos digo que um dentre vós, o que come comigo, me trairá. E eles começaram a entristecer-se e a dizer-lhe, um após outro: Porventura, sou eu? Respondeu-lhe: É um dos doze, o que mete comigo a mão no prato.” – Marcos 14,18-20). Originalmente, e intencionalmente, na mesa de Jesus somos convidados em sermos iguais em sua presença, como também nos alimentarmos dEle. É a mesa da comunhão, é a mesa do encontro. É a mesa sem pressa, sem preocupação (Judas, em sua preocupação, e usado por Satanás, recebe ordem do Senhor para que vá depressa – João 13,27). Porém, não devemos nos apressar, mas aproveitar o privilégio.

02 janeiro 2008

O Reino de Deus como um novo estilo de vida

Brian D. McLaren (extraído do livro "A mensagem secreta de Jesus", págs. 142-144 - Ed.Thomas Nelson Brasil)

Uma amiga retorna de férias e lhe conta a respeito de uma nova terra em que esteve e que parece ser maravilhosa. Você sempre esteve mais ou menos satisfeito em sua terra natal: é a única realidade que já conheceu. As histórias narradas por ela, no entanto, fazem com que você passe a reparar em coisas que jamais havia notado. Comparada à nova terra que sua amiga descreveu, sua terra natal parece sofrer de uma sufocante poluição do ar; a vista é pobre, a cultura é entediante, atrasada e sem criatividade e a economia está estagnada. Quanto mais se recorda das imagens e das histórias que ouviu sobre a tal outra terra – histórias sobre pessoas interessantes, uma cultura vibrante, uma vista maravilhosa e uma robusta economia –, mais se sente inquieto. Certa noite, seu jantar é interrompido seis vezes por telefonemas de telemarketing, tentando vender máscaras de gás com que se possa respirar melhor em dias de altas taxas de poluição; e então algo estala dentro de você: Já chega! Estou cheio disso! – você pensa, Vou começar uma nova vida nesta terra nova de que minha amiga me falou.
Então você começa gradualmente a imaginar a vida no novo reino. Gradualmente, você consegue se ver lá – e a vida parece ser melhor. Mesmo assim você vacila por um tempo. Será que tem fé suficiente para fazer sua mala e se dirigir para a fronteira? Será que confia o suficiente em sua amiga para fazer um movimento destes? Você compartilha com ela seus sonhos – e suas dúvidas – e ela diz: “Se você for, eu vou com você. Desde que visitei não consigo pensar em outra coisa que não me mudar para lá para sempre.” E isso pesa na balança. Você vende sua casa e todas as suas posses, e os dois partem.
Com certa apreensão você se aproxima da fronteira. Apresenta seus documentos e se declara um imigrante. Então, é feita uma única e simples pergunta: “Você deseja deixar seu passado para trás e começar uma nova vida em nosso reino?”Quando responde que sim, eles carimbam seu passaporte – sem mais perguntas – e então recomendam que tome um banho. Explicam que imigrantes geralmente consideram sábio lavar-se da fuligem e do cheiro de seu antigo país, para que tenham um começo limpo nesta sua nova terra. Você concorda e está contente em fazê-lo. Então você entra e respira bem fundo e seus pulmões sentem como se estivessem inalando pura saúde, alegria e paz. É como se o espírito do novo Reino estivesse entrando em você. Você se sente vivo como nunca se sentiu antes.
Você encontra uma nova casa, conhece seus novos vizinhos e estabelece uma vida inteiramente nova. Rapidamente percebe que há muito que aprender. As pessoas falam um novo dialeto lá. Não é o velho sotaque do orgulho, do julgamento, da arrogância, do engano, dos insultos ou da mentira; trata-se, antes, de um sotaque de gratidão, de encorajamento; trata-se de se falar a verdade, de se admitir os erros, de se celebrar as alegrias. Você também nota que as pessoas de lá vivem em um ritmo diferente daquele a que está acostumado – não são preguiçosos, mas também não são viciados ou escravos do trabalho. Vivem com certa cadência, entremeando descanso com trabalho, com adoração, com brincadeira, com comunhão, com sacrifício, com refeições compartilhadas e nova vida, sente-se quase como se tivesse nascido com uma nova autobiografia e em um novo mundo.
Reconsiderar, crer, receber, tornar público e praticar um novo estilo de vida – estes parecem ser os elementos básicos daquilo que significa entrar no segredo e deixá-lo entrar em você.