29 novembro 2007

A Igreja Cristã no século XXI – (parte 1)

Joerley Cruz

A pergunta é: como a Igreja, inaugurada por Jesus de Nazaré, o Cristo, o Filho de Deus, ainda sobrevive em uma sociedade como a nossa? Evidentemente que se nossa resposta for: sobrevive porque Deus, por meio de Seu Espírito, sustenta a Igreja que é dele, da qual Ele é o cabeça, estaremos respondendo corretamente – é uma resposta pronta, ainda que seja real. Mas olhando para a Igreja, por alguns momentos, inicialmente, sem nenhum instrumento de defesa espiritual, podemos refletir bastante. Como dizia meu avô: “se nós pensarmos burro”, nossa reflexão será mais apurada, mais ingênua, e nos dará condições de enxergarmos de forma simples e profunda seu verdadeiro significado e propósito (da Igreja).

Em primeiro lugar, respondemos quem e o que é a Igreja de Jesus. Existem inúmeras definições que satisfazem dos gostos mais requintados e humildes, dos mais exigentes aos mais facilmente compreendidos.
É sem dúvida, que Jesus a define com total absolutismo, sabedoria, verdade e simplicidade: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” (evangelho de S. Mateus 18,20).
A Igreja dos poucos reunidos que não tinham onde recostar a cabeça, inseriu-se na sociedade de seu tempo, tendo boas relações com as pessoas comuns (o povo das ruas, das vilas, dos becos, dos lugares suspeitos e mau falados, freqüentados pela gentalha) – tais pessoa comuns iam desde pessoas de bem até aqueles(as) que eram, constantemente, difamados.
Mas, o interessante é que tal igreja sem rumo – o rumo era dirigido pelo maravilhoso inconstante hálito do Espírito – tornou-se opositora à religião predominante de seu próprio tempo (igreja dos judeus), que se incomodavam com ela, por causa das palavras e posturas de um jovem ex-marceneiro, que de repente se caracteriza como enviado de Deus, que para o povo, eram palavras e posturas que expressavam paz, amor, e esperança de um Outro mundo.

Depois de muito tempo, andando nos caminhos fora do templo, em um tempo onde a Igreja do Caminho ainda desfrutava da aprovação pública, mesmo sendo uma ameaça ao templo cauterizado pelo poder e pela usurpação, que ainda sobrevive no nosso século com outros nomes, Jesus, nosso Senhor, em sua oração sacerdotal pelos discípulos e pelos outros discípulos que surgiram até o nosso tempo – século XXI – traz algumas características inerentes à sua Igreja (João 17,9-21):

• A Igreja do Senhor possui como característica, o fato de que cada um que é Igreja de Jesus, entre os poucos reunidos, pertence a Deus – é propriedade exclusiva – e existe para glorificar Cristo (v.10);
• A Igreja do Senhor possui como característica, o fato de que os poucos reunidos geram uma unidade – unidade gerada pelo Senhor (v.11);
• A Igreja do Senhor possui como característica, situações por diversas vezes conflitantes com os valores que ela recebeu do Senhor Jesus, para com os valores que a sociedade atemporal, nos empurra – a Palavra de Deus dada a nós, afasta-nos de uma sociedade sem Deus, uma vez que Deus não é bem-vindo nesta sociedade. Não há possibilidade de acordo entre os valores de Deus e os valores impostos por uma sociedade que nega o Deus. Os valores do reino de Deus estão disponibilizados para que o homem, com sua sociedade, sejam transformados – não há espaço para adequação, não há condições para Igreja amoldar-se àquilo que não glorifica Jesus. (v.14);
• A Igreja do Senhor possui como característica, o fato de que ela não recua diante das ameaças da sociedade, e nem é impedida de continuar a existir. Nada que esteja, aparentemente, acima da Igreja, possui poderes para amedrontar a noiva do Senhor. Na história, muitos foram os momentos de perseguição, mortes, martírios, na tentativa de calar Aquela que Cristo instituiu. Foram tentativas frustradas e vãs, pois mesmo em meio a uma liberdade religiosa ou não, os cristãos sempre se reuniram, e continuarão reunidos. (v.15 e 16);
• A Igreja do Senhor possui como característica, a existência garantida em estado de pureza, sem contaminação. O Senhor com sua palavra nos imuniza de uma deterioração (v.17);
• A Igreja do Senhor possui como característica, o fato de que sua existência é sustentada pela oração. A Igreja do século XXI surge na oração de Jesus: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra”, com os mesmos atributos de imunidade (v.20);
• A Igreja do Senhor possui como característica, o fato de mostrar que a oração de Jesus promove a união atemporal da Igreja, com finalidade de mostrar quem é Deus, por meio da própria Igreja. É a Igreja do Senhor quem revela a existência de Deus. São os santos que Cristo santificou, quem mostram o Santificador.

A Igreja do Senhor Jesus sobrevive no século XXI, pois sua natureza perpassa a tudo aquilo que a sociedade já alcançou, mas que não foi suficiente, e nunca o será. Não há sistema que consiga calar a natureza inabalável da Igreja de Cristo, pois ela como noiva está aguardando o retorno de seu noivo (Cristo) e isso nos sinaliza que ainda que o caos se avolume, existirá sempre um lugar, um abrigo onde se pode refugiar-se.

24 novembro 2007

A liberdade de vida do discípulo de Jesus

Gálatas 1,1-5

“Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos” – (1,1)

- Paulo recebeu o chamado para ir após o Senhor, mas o chamado não veio da palavra de um homem (isso porque sendo enviado por homens, Paulo não teria liberdade, mas condicionamentos, deixando de ser quem Deus queria que ele fosse).

- Paulo foi chamado para ir após o Senhor – ir após o Senhor Jesus é uma atitude de liberdade.

- Ressuscitar dentre os mortos é um sinal de liberdade.

“[...] graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do nosso Senhor Jesus Cristo, o qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso [...]” – (1,3-4b)

- O ato de liberdade do Senhor em entregar-se na cruz, gerou nossa liberdade que passa pelo ápice da morte. (morte e ressurreição de Cristo, que conduz a nossa morte e ressurreição)

- O ato de liberdade do Senhor, por meio do sacrifício, nos arranca pela raiz (desarraiga) da perversidade do mundo.

- O ato de liberdade do Senhor, por meio do sacrifício, não apenas nos garante a ressurreição em direção à vida eterna, mas, principalmente, nos permite em vida, estando nós no corpo, condições de não nos vincularmos àquilo ou àqueles que nos escravizem.

- Tal liberdade que nos desvincula, nos liberta e nos desliga da perversidade do mundo, nos é dada pela vontade de nosso Deus e Pai.

- Deus decide nos dar a liberdade, como deu a Paulo.
“A Liberdade de vida do discípulo de Jesus”

A mesma liberdade que Deus dá ao homem, também oferece à Sua Igreja. (nos desarraigar = Paulo inclui os gálatas)

Diante do ato gracioso do Senhor em nos libertar, verificamos que Deus tem como objetivo libertar o homem que se auto aprisionou – Deus atuou como libertador desde o Antigo Testamento, passando pela cruz libertadora de Jesus. Deus age diretamente com os homens, provando que Sua comunhão conosco é direta – não há interventores entre Deus e os homens, a não ser Cristo, o Senhor. Deus nos ensina que somos livres por sermos dEle (Pai, Filho e Espírito) e não por fazermos algo por Ele ou para Ele – não há lei, não há regras que superem o amor de Deus, não há nada que saia de nossas mãos, que possa nos unir a Deus